Na nova fase da Lava Jato, agentes da Polícia Federal cumprem mandado de prisão contra um operador ligado ao MDB
Valter Campanato/Agência Brasil - 17.3.2017
Na nova fase da Lava Jato, agentes da Polícia Federal cumprem mandado de prisão contra um operador ligado ao MDB

Agentes da Polícia Federal estão, desde as primeiras horas desta terça-feira (8), nas ruas para deflagras, a pedido do Ministério Público Federal no Paraná (MPF-PR), a 51ª fase da Operação Lava Jato – que investiga, entre outros suspeitos, um operador financeiro ligado ao MDB.

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Apelidada de Operação Deja Vu, essa fase apura crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em um contrato de US$ 825 milhões, envolvendo a área internacional da Petrobras, para a prestação de serviços de segurança, meio ambiente e saúde. Além do operador ligado ao MDB , outros dois são investigados. 

Ao todo, 80 policiais federais foram deslocados para cumprir 23 ordens judiciais em três estados brasileiros: Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. Entre as ordens, estão seis mandados de prisão – quatro de preventiva e dois de temporária – e 17 mandados de busca e apreensão. 

A expectativa dos investigadores é que, por meio desses mandatos, seja possível obter provas da prática dos crimes de corrupção, associação criminosa, fraudes em contratações públicas, crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e de lavagem de dinheiro, dentre outros delitos.

O MBD e os alvos dos mandados de prisão 

Foram expedidos mandados de prisão contra três ex-funcionários da Petrobras e três operadores financeiros. “Um deles, um agente que se apresentava como intermediário de valores destinados a políticos vinculados ao então Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB”, informou, por meio de nota, o MPF, sem detalhar quem seria esse intermediário.

De acordo com a GloboNews , os alvos da operação são Mario Ildeu de Miranda, Ulisses Sobral Calile, Aluísio Teles Ferreira Filho, Rodrigo Zambrotti Pinaud (prisão preventiva); além de Sérgio Boccaleti e Ângelo Tadeu Lauria (prisão temporária).

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De acordo com o MPF, as investigações apontaram “pagamento de propina que se estendeu de 2010 até pelo menos o ano de 2012, e superou o montante de US$ 56,5 milhões, equivalentes, atualmente, a aproximadamente R$ 200 milhões”.

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Essas vantagens estavam relacionadas a um contrato, de mais de US$ 825 milhões, firmado em 2010 entre a Petrobras e a construtora Norberto Odebrecht .

Como funcionava o esquema

Tal contrato previa a prestação de serviços de “reabilitação, construção e montagem, diagnóstico e remediação ambiental, elaboração de estudo, diagnóstico e levantamentos nas áreas de segurança, meio ambiente e saúde (SMS) para a estatal, em nove países, além do Brasil”.

Segundo os procuradores, há provas apontando que esse contrato teria sido direcionado à empreiteira no âmbito interno da estatal.

“Em decorrência desse favorecimento ilícito, no contexto de promessa e efetivo pagamento de vantagem indevida, os elementos probatórios indicam dois núcleos de recebimento: funcionários da estatal e agentes que se apresentavam como intermediários de políticos vinculados ao então PMDB”, diz o MPF por meio de nota.

Esses pagamentos teriam sido feitos mediante ao uso de “estratégias de ocultação e dissimulação, contando com a atuação do chamado Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, de operadores financeiros e doleiros, especialistas na lavagem de dinheiro”.

Além disso, há provas de repasses de cerca de US$ 25 milhões feitos a ex-funcionários da Petrobras, “transferidos a bancos estrangeiros de modo escalonado, em diferentes contas no exterior, objetivando dificultar o rastreamento de sua origem e natureza ilícitas”.

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Por fim, existem suspeitas de que cerca de US$ 31 milhões tiveram como destino pessoas que se diziam intermediários de políticos vinculados ao então PMDB – hoje, MDB . Neste caso, o pagamento foi feito por meio de contas mantidas por operadores financeiros no exterior, “que se encarregavam de disponibilizar o valor equivalente em moeda nacional, em espécie e no Brasil, ao encarregado pelo recebimento e distribuição do dinheiro aos agentes políticos”.

* Com informações da Agência Brasil.

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