Suíça detalha aportes "numerosos" em contas de suposto operador do PSDB em SP

Autoridades suíças enviaram ao Brasil detalhamento de movimentações que levaram ex-diretor da Dersa Paulo Preto a manter R$ 113 milhões no país europeu; aportes se deram após ele ser nomeado na estatal, na gestão Serra

Delatores acusam ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza de ter cobrado propina por contrato do Rodoanel
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado - 29.8.12
Delatores acusam ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza de ter cobrado propina por contrato do Rodoanel

O Ministério Público da Suíça enviou ao Brasil documentos que detalham a movimentação de quatro contas mantidas no país por Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), a estatal paulista de infraestrutura rodoviária. Souza é conhecido como Paulo Preto e é apontado como operador de propinas do PSDB. Ele foi  preso no início do mês passado após ser denunciado por desvios de R$ 7,7 milhões nas obras do trecho sul do Rodoanel.

De acordo com as autoridades suíças, Paulo Preto abriu quatro contas no banco Bordier & Cie, em Genebra, logo após ser nomeado para a empresa estatal, em 2007, durante o governo de José Serra ( PSDB ). As contas, registradas em nome de empresas offshores com sede no Panamá cujo um dos beneficiários era o ex-diretor da Dersa, receberam "numerosas entradas de fundos" no período até 2009, conforme apontam os investigadores europeus. As informações são do jornal Folha de S.Paulo .

Informações repassadas anteriormente pelo Ministério Público da Suíça davam conta de que o  saldo das contas de Paulo Preto somava 35 milhões de francos suíços em junho de 2016, o correspondente a cerca de R$ 123 milhões na cotação atual. Os valores foram transferidos no início do ano passado para um banco no paraíso fiscal de Bahamas.

Pedido no STF

Esse documento foi revelado pela própria defesa de Paulo Vieira Souza no início deste ano, quando os advogados apresentaram as informações em recurso levado ao Supremo Tribunal Federal (STF) com o intuito de concentrar as investigações contra ele na mais alta corte do País. O relator desse pedido, ministro Gilmar Mendes, ainda não decidiu sobre o pedido. A procuradora-geral da República (PGR), Raquel Dodge, manifestou-se contra essa pretensão.

No STF, Paulo Preto é investigado por supostamente ter cobrado propina equivalente a 0,75% do valor de um contrato firmado entre o governo paulista e a Odebrecht no âmbito das obras do Rodoanel.

Esse fato teria ocorrido em 2007, quando Paulo – apontado como "pessoa próxima" do então governador José Serra – ocupava cargo de chefia na Dersa. As acusações contra Paulo Vieira de Souza foram narradas por nove delatores da construtora, segundo os quais o pedido de propina foi atendido com o pagamento de R$ 2,2 milhões a Amaro Ramos, apontado como um "conhecido operador" do PSDB . A defesa de Paulo Preto não quis se manifestar sobre o novo documento enviado pelas autoridades da Suíça.

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