O presidente Michel Temer disse que decidirá sobre uma eventual candidatura à reeleição até julho, e que protestos e críticas não vão interferir nas decisões que pretende tomar. A declaração foi feita em entrevista à Agência Brasil ao ser questionado sobre manifestações negativas tal como as que aconteceram no início desta semana, quando o presidente esteve no local onde um prédio desabou no centro de São Paulo e teve de sair às pressas após ser hostilizado aos gritos de "golpista" .
“Eu achei que seria falta de autoridade eu não comparecer [ao local onde o prédio desabou]. Lamento, mas tenho de enfrentar”, disse o presidente, que considerou que teve uma "reação de coragem e de autoridade". "Não seria este fato que me faria desistir da reeleição”, acrescentou Michel Temer .
O presidente explicou que sua posição a respeito das eleições ainda não está definida, apesar de seu ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ter se juntado a ele no ról de filiados do MDB e já ter manifestado sua intenção em ser candidato à Presidência.
"Eu posso não ir para a reeleição na medida em que eu comece a perceber o seguinte: você tem muitos candidatos. Não vou rotular porque não é de meu gosto. Mas eu vejo que tem rótulos de extrema esquerda, extema direita, rótulos de centro. Eu vejo que no chamado centro tem seis, sete ou oito candidaturas, o que não é útil. Você tem de fazer o eleitor fazer suas opções", analisou Temer.
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Investigações e delações
Ao ser questionado sobre as investigações conduzidas pela Polícia Federal, o presidente voltou a criticar vazamentos como o ocorrido na semana passada, quando o jornal Folha de S.Paulo revelou detalhes das apurações sobre suposto crime de lavagem de dinheiro envolvendo Temer e seus familiares.
"O que a Polícia Federal não pode fazer é intervir por meio de vazamentos. Ora, o processo é sigiloso. Eu tenho verificado com frequência que, quando o processo é sigiloso, a defesa entra com pedido para ter acesso e o acesso é negado. Quando a defesa, tenho observado isso, solicita o acesso aos autos e tem essa resposta, no dia seguinte, a matéria está nos jornais. Ora, não foi o jornalista que, sorrateiramente, na madrugada, pegou o inquérito. Alguém vazou. Esta matéria não pode acontecer nem na Polícia Federal e em nenhum setor onde o processo seja sigiloso", reclamou.
O presidente Michel Temer também fez ponderações a respeito da proliferação de acordos de delação premiada. "Hoje em dia está acontecendo assim: o sujeito falou do beltrano e o beltrano está condenado. Ora, a delação é praticamente o início do processo. A delação tem prestado, muitas vezes, a que o delatado diga coisas que, às vezes, nem são verdadeiras", lamentou o presidente, que no ano passado foi denunciado duas vezes após delações de executivos da JBS e do doleiro Lúcio Funaro.
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*Com reportagem da Agência Brasil