Advogado José Yunes vendeu uma casa a Marcela, esposa de Michel Temer, em 2010, no Alto de Pinheiros, em São Paulo
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Advogado José Yunes vendeu uma casa a Marcela, esposa de Michel Temer, em 2010, no Alto de Pinheiros, em São Paulo

Uma investigação da Polícia Federal (PF), que ainda está em curso, sugeriu que o presidente Michel Temer (MDB) lavou dinheiro de propina no pagamento de reformas em imóveis da sua própria família. A denúncia foi classificada pelo presidente como "revoltante", "um disparate".

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A informação foi publicada nesta sexta-feira (27) pelo jornal Folha de S. Paulo, que afirma ainda que, além da lavagem em obras, Michel Temer teria ocultado transações imobiliárias em nome de terceiros.

De acordo com a publicação, a esposa de Temer, Marcela, e o filho do casal presidencial são donos de alguns desses imóveis reformados com a ajuda de propina. "Só um irresponsável mal-intencionado ousaria tentar me incriminar e incriminar minha esposa, meu filho, que tem nove anos de idade, como lavadores de dinheiro", disse o presidente da República. 

"Ataque de natureza moral"

As declarações de Temer foram feitas na manhã desta sexta, em um pronunciamento oficial em resposta às informações constantes na reportagem.

Ele aproveitou a oportunidade para esclarecer que defende a liberdade de imprensa e que entende que tais dados, quando chegam às redações, são publicados. Porém, criticou o vazamento dessas informações, que seriam provindas, segundo ele, de um "ataque de natureza moral".

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"O ataque é de natureza moral, de pessoas que eu não sei se têm moral para fazê-lo", disse Temer. "Vou sugerir ao ministro [Raul] Jungmann que apure internamente como se dão esses vazamentos irresponsáveis", disse. "Não é a imprensa que vai lá para exigir os autos, os dados são fornecidos, são vazados", denunciou.

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"Qualquer contador, qualquer professor de matemática, qualquer pessoa de bem consegue concluir que, ao longo do tempo, eu obtive recursos suficientes para comprar os imóveis que comprei e reformar os imóveis que reformei", enfatizou o presidente. "Dizer que lavei dinheiro numa casa alugada, que gastei R$ 2 milhões... Em que mundo estamos? É incrível. É revoltante. É um disparate", concluiu. 

Investigações

Tal suspeita da PF surge após seis meses da abertura de um inquérito sobre a edição de um decreto para o setor portuário, a qual beneficiou empresas do setor em troca de propina. 

A investigação é um desdobramento das conexões entre Temer e o coronel João Baptista de Lima Filho, que teria transferido cerca de R$ 2 milhões de propina em 2014 ao presidente.

Neste mesmo ano, a investigação aponta que algumas reformas foram feitas em propriedades da filha de Temer, Maristela, e da sogra, Norma Tedeschi. Segundo as autoridades, a quantia destinada às obras é originária da JBS e da empresa Engevix.

Em delação, executivos da JBS explicaram que, por intermédio do coronel, foi repassado R$ 1 milhão para o presidente.

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Além da declaração do presidente, o advogado do emedebista, Brian Alves Prado, nega qualquer irregularidade, afirmando que os "valores transacionados a partir de doações, aquisições de imóveis ou investimentos são absolutamente compatíveis" com os rendimentos declarados por Michel Temer à Receita Federal.

* Com informações da Agência Ansa.

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