Aécio Neves depõe em investigação da Lava Jato sobre repasse de empreiteiras
Senador é suspeito de receber propina para beneficiar empresas em obra de usina; defesa nega irregularidades e diz que contribuições foram legais
Por iG São Paulo | * |
Após ter sido intimado no inquérito em que é investigado pelo suposto recebimento de propina da construtora Odebrecht, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) prestou depoimento nesta quinta-feira (26) na sede da Polícia Federal, em Brasília. As investigações foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após a abertura de 76 inquéritos no ano passado pelo ministro Edson Fachin, com base nos depoimentos de colaboração premiada de ex-executivos da empresa.
Fachin é o relator dos processos da Operação Lava Jato no STF. De acordo com a defesa do parlamentar, "todos os esclarecimentos" solicitados pelos policiais foram prestados por Aécio Neves . Em nota, o advogado Alberto Zacharias Toron disse que os "próprios delatores" afirmaram nos depoimentos que as contribuições financeiras feitas pela Odebrecht às campanhas do PSDB "nunca estiveram vinculadas a qualquer contrapartida".
"Por se tratar de empreendimento conduzido pelo governo federal à época, ao qual o senador e seu partido faziam oposição, não há nada que o vincule às investigações em andamento", afirmou a defesa.
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Em depoimentos de delação premiada, o ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht e outros executivos do grupo disseram que o senador recebeu propina para atuar favoravelmente aos interesses da empresa. O objetivo, segundo os delatores, seria obter apoio parlamentar para a construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia.
Aécio réu
A delação de Joesley foi ponto de partida para Aécio se tornar réu por corrupção e tentativa de obstrução à Justiça. A primeira acusação trata do episódio no qual Aécio recebeu, por meio de seu primo Frederico Medeiros, empréstimo de R$ 2 milhões de Joesley para supostamente arcar com sua defesa na Operação Lava Jato.
O empresário afirmou, ainda, que pagou uma espécie de 'mesada' no valor de R$ 50 mil ao senador ao longo de dois anos, entre 2015 e 2017. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
A defesa de Aécio Neves negou que o senador tenha solicitado 'mesada' de Joesley. O advogado do tucano confirmou que houve pagamentos da JBS à rádio Arco Íris – da qual o tucano foi sócio –, mas garantiu que trata-se de uma "relação comercial lícita" que teria sido aproveitada por Joesley para "forjar mais uma falsa acusação" contra o parlamentar.