O Partido dos Trabalhadores (PT) convocou uma mobilização geral em São Bernardo do Campo, na noite dessa quinta-feira (5), após o juiz Sergio Moro determinar a prisão de Lula. O ato, convocado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, reuniu cerca de 5000 pessoas, de acordo com o sindicado, e várias figuras famosas da política brasileira, como a ex-presidente Dilma Rousseff, a presidente do PT Gleisi Hoffmann e o senador petistas Lindbergh Farias. Membros de outros partidos, como os pré-candidatos à presidência Manuela D'Ávila (PC do B) e Guilherme Boulos (PSOL) também marcaram presença e discursaram. A vigília segue madrugada adentro, ainda que esvaziada. Lula acenou aos manifestantes do alto de prédio e chegou a descer para interagir com os apoiadores, mas não se manifestou
Dilma foi uma das primeiras a discursar durante o ato. A petista defendeu Lula e aproveitou para atacar o presidente Michel Temer e a base do governo. "Quem fala em impunidade esquece que tem uma quadrilha no poder, esquece das pessoas que passeavam com malas cheia de dinheiro", disse a ex-presidente, que classificou a prisão de Lula como "política".
A senadora e presidente de PT, Gleisi Hoffmann também falou e criticou o juiz Sérgio Moro, que pediu a prisão de Lula. Segundo a senadora, o magistrado tomou suas decisões baseadas em "ódio". "Chega a ser doentio por parte do juiz esse pedido de prisão. Isso é um atentado à democracia", afirmou.
O também senador petista Lindbergh Farias foi mais um que discursou durante o ato. Com um tom combativo, Lindbergh disse que Lula teria que ser preso "no meio do povo, como na ditadura". "O presidente Lula é inocente. Um inocente não se entrega desse jeito. Um inocente não reconhece uma situação como essa, que é de perseguição pelo juiz Sergio Moro", afirmou.
Pré-candidato à presidência da república pelo PSOL e líder do MST, Guilherme Boulos foi mais um a atacar o presidente Michel Temer. "O País inteiro viu provas contra Temer e ele está no Palácio. País inteiro viu as provas contra Aécio, a ligação de ele pedindo dinheiro por telefone, e ele está no Senado. Contra Lula não há provas. É um absurdo, uma injustiça o que estão fazendo", disse.
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Pedido de prisão de Lula
O juiz Sérgio Moro ordenou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e deu prazo até as 17h desta sexta-feira (6) para o petista se entregar. O despacho do juiz da Lava Jato foi proferido às 18h desta quinta-feira (5), menos de 24 horas após o Supremo Tribunal Federal (STF) abrir caminho para a prisão de Lula ao rejeitar o habeas corpus de sua defesa.
Responsável por condenar, na primeira instância, o ex-presidente por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá (SP), Moro concedeu prazo para Lula se entregar voluntariamente apontando a "dignidade do cargo que ocupou. O juiz de Curitiba também proibiu que sejam utilizadas algemas no ex-presidente.
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"Relativamente ao condenado e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, concedo-lhe, em atenção à dignidade do cargo que ocupou, a oportunidade de apresentar-se voluntariamente à Polícia Federal em Curitiba até as 17h do dia 06/04/2018, quando deverá ser cumprido o mandado de prisão. Vedada a utilização de algemas em qualquer hipótese", determinou o juiz da Lava Jato.
A maioria dos ministros do STF decidiu nesta quarta-feira (4) que o juiz Sérgio Moro poderia ordernar a prisão imediata de Lula tão logo seu processo fosse encerrado no Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-4).