A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, recebeu nesta quarta-feira (14) o jurista Sepúlveda Pertence, ex-ministro do Supremo que hoje atua na defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
. O encontro teve como pauta o pedido de habeas corpus que visa impedir que Lula seja preso tão logo se encerre o julgamento dos embargos de declaração no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) – Corte que condenou o petista a 12 anos e 1 mês de prisão no caso tríplex da Lava Jato.
Cármen Lúcia não incluiu o recurso de Lula na pauta de julgamentos do STF para abril, o que pode dar prazo suficiente para o TRF-4 analisar o recurso do petista e permitir sua prisão, conforme foi autorizado na semana passada pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Diante da possibilidade de ver Lula preso, a cúpula do PT intensificou a campanha de defesa do ex-presidente, inclusive utilizando a imagem da ministra Cármen Lúcia em publicações nas redes sociais. A presidente do Supremo, contudo, garantiu em evento realizado nessa terça-feira (13) que "não se submete à pressão" .
"Não quero ser beneficiado", diz Lula
Lula, em entrevista concedida nesta manhã à TVT , disse que "jamais pediu favor" a ministros do STF e negou que tenha alguma vez pressionado magistrados – prática que ele atribuiu à imprensa.
"Eu não indiquei ninguém [para o STF] na perspectiva de que eles fossem se comportar como meus amigos", disse Lula, lembrando que ele foi o responsável por nomear Cármen Lúcia para o Supremo, em 2006. "Indiquei para que ele possa servir o País. Nunca pedi nenhum favor e não vou pedir, porque não quero ser beneficiado. Quero ter o direito de não ser vítima de preconceito", disse o ex-presidente.
Em relação especificamente à Carmen Lúcia, o petista concordou que um ministro da Suprema Corte não deve estar "submetido à opinião pública" e expressou confiança na ministra responsável pela pauta de julgamentos.
"A Cármen Lúcia pode colocar para votação qualquer assunto. O fato de ser o Lula não pode ser motivo nem de votar de forma atabalhoada e nem de não votar. Acho que a ministra Carmem Lucia irá se deixar permear não só pela sua consciência, mas também pelo papel da Suprema Corte. Estou tranquilo. Acho que a decisão vai fazer justiça nesse País", declarou o ex-presidente.