Em entrevista publicada nesta quinta-feira (1) pelo jornal Folha de S.Paulo , o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que “sabe o que está sendo traçado para ele” por setores da Justiça brasileira.
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Para ele, o juiz Sergio Moro , os desembargadores do TRF-4 e membros do Ministério Público se valeram de “mentiras” para acusa-lo e o condenar à prisão – visando, assim, impedir sua candidatura à presidência da República nas eleições deste ano.
“Desde o impeachment eu dizia: eles não vão tirar a Dilma e dois anos depois me deixar voltar gloriosamente nos braços do povo. Era preciso impedir minha candidatura”, disse.
No entanto, o ex-presidente afirma confiar que será inocentado pela Justiça – onde, diz, irá “brigar até ganhar”.
Assim, até uma decisão final dos tribunais sobre sua candidatura, o ex-presidente defende que seu partido não discuta candidaturas alternativas pela esquerda.
“Se eu fizer isso, estou dando o fato como consumado. Eu vou brigar até ganhar. E só vou aventar a possibilidade de outra candidatura quando for confirmado definitivamente que não sou candidato”, disse.
A afirmação vem após Fernando Haddad (PT), ex-prefeito de São Paulo, se reunir com o presidenciável Ciro Gomes (PDT). No encontro, os dois teriam discutido o momento nacional e a possibilidade da criação de uma frente de esquerda para as eleições. Lideranças do partido criticaram a iniciativa de Haddad, que, no entanto, foi avalizada por Lula.
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Caso sua candidatura seja inviabilizada pela Lei da Ficha Limpa, o petista está aberto a discutir outras possibilidades. Ele se colocou contrário à ideia de boicotar as eleições, e deixou em aberto a possibilidade de apoiar candidatos de outras legendas, como o próprio Ciro – que, no entanto, recebeu críticas de Lula na entrevista.
“Fico fascinado de ver como uma pessoa inteligente como o Ciro fala tão mal do PT. Vamos ser francos: pela direita, ninguém será presidente sem o apoio dos tucanos. Pela esquerda, ninguém será presidente sem o PT”, analisou.
Lula e o PT aguardam para as próximas semanas a discussão do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre o pedido de liberdade preventiva pedido pela defesa do ex-presidente. O líder petista diz acreditar que o STF entrará no mérito da sentença, permitindo que ele seja candidato em outubro. O julgamento ainda não tem data marcada.
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