Em discurso na cerimônia de posse do novo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann , o presidente Michel Temer (MDB) deixou em aberto a possibilidade de o governo federal realizar novas intervenções na segurança pública em outros estados além do Rio de Janeiro.
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Temer contou que irá se reunir com os governadores dos estados na quinta-feira (1º) para avaliar a planos especiais para a contenção da violência. Ele afirmou que será verificado “caso a caso” a necessidade de intervenções, que agora passam à responsabilidade do novo ministério.
O presidente disse também que a ajuda federal na segurança têm sido requisitada pelos governadores. Ele aproveitou a oportunidade para defender os propósitos da intervenção, que classificou como “democrática e civil”.
“A intervenção é parcial e democrática, porque é amparada pela Constituição Federal. É uma intervenção civil, que enaltece o diálogo e despreza o autoritarismo”, afirmou.
O interventor do Rio nomeado pelo emedebista, contudo, não é um civil, mas sim o general Braga Netto , militar de carreira. O novo secretário de Segurança do Estado, também oriundo do Exército, é o general Richard Nunes.
Presente na reunião, o senador cearense Eunício Oliveira (MDB) negou que o seu estado possa passar por uma intervenção federal. Embora tenha índices de violência tão ou mais preocupantes que os do Rio, Eunício afirmou ao jornal Folha de S.Paulo que uma intervenção no estado seria “oportunismo eleitoral”.
Novo ministro culpa usuários de drogas
Em sua posse no novo ministério criado por Temer, Raul Jungmann afirmou que parte da população do Rio de Janeiro “financia o crime através do consumo de drogas”.
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“Me impressiona o exemplo do Rio, durante o dia [pessoas] clamarem contra a violência, contra o crime, e, à noite, financiarem o mesmo crime através do consumo de drogas”, disse à Folha o ministro, para quem o combate ao tráfico será uma das prioridades da pasta.
Nesse ponto, contudo, Jungmann parece divergir do novo secretário de Segurança do Rio, o general Richard Nunes.
Uma reportagem da Folha mostrou que, em sua dissertação de mestrado, Nunes criticou que o combate ao narcotráfico se dê com o auxílio do Exército e unicamente pela via repressiva.
Em seu trabalho, ele reconhece que há “pressões da opinião pública” para que o Exército tome parte no combate ao tráfico, mas diz que o emprego das tropas descaracteriza as reais funções da corporação.
Comparando o combate às drogas com a política de repressão adotada pelos Estados Unidos, o general aponta que “a mera aplicação do poder de polícia para a solução do problema [das drogas], sem contemplar suas causas econômicas e sociais, presta-se muito mais a interesses do jogo político que à efetiva erradicação deste flagelo contemporâneo”, analisa Nunes.
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