Já combalida por falta de pagamento a servidores, crise na universidade pública do estado e por denúncias de corrupção, a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro marca o fim da carreira política do governador Luiz Fernando Pezão (MDB) .
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Em entrevista coletiva, Pezão, que conclui o mandato à frente do governo do Rio no fim do ano, admitiu que não pretende concorrer a nenhum cargo público nas próximas eleições. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo .
“Estou saindo. Eu já saí. Não disputo mais nada. Vou terminar meu mandato de cabeça erguida”, disse.
Além dos problemas da gestão, o governador também teve que lidar com problemas de saúde recentemente. Em 2016, o político sofreu com um câncer, mas, felizmente, conseguiu se recuperar.
O governador, contudo, não culpa sua saúde ou os inúmeros casos de corrupção envolvendo seu padrinho político Sérgio Cabral (MDB) , preso na operação Lava Jato, pelos problemas que assolam o Rio.
Para o emedebista, é a crise econômica que explica o insucesso de seu governo. “Somos o segundo polo automotivo, e o setor parou, somos um grande polo siderúrgico, e a siderurgia parou, e a Petrobrás, que é o carro-chefe do Rio, parou. Não sou culpado”, disse.
Pezão, ainda, discordou que a intervenção federal represente uma derrota pessoal para ele. “Não nos diminui em nada. Não me sinto desconfortável. A intervenção é algo que vem sendo discutido há muito tempo”.
Ministro e secretário na berlinda
O ministro da Justiça de Michel Temer (MDB) , Torquato Jardim, é outro que se viu desautorizado com a intervenção federal no Rio. De acordo com o Estadão , membros do governo culpam Jardim pelo extremo da situação e querem vê-lo destituído do cargo.
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Temer pensa, inclusive, em criar um novo ministério – da Segurança Pública -, que esvaziaria os poderes do ministério de Jardim.
Ao contrário de Torquato, os efeitos da intervenção sobre Roberto Sá, secretário estadual de Segurança do Rio, foram mais imediato.
Ele pediu sua exoneração na tarde desta sexta (16) em razão da intervenção das Forças Armadas na Segurança Pública do estado . Pela manhã, Sá havia definido em reunião com o governador Pezão no Palácio das Laranjeiras, sede do governo fluminense, que apenas se afastaria das funções, mas decidiu se afastar de vez do cargo.
Chefe da pasta da Segurança no Rio desde outubro de 2016, Roberto Sá dá lugar ao general Walter Souza Braga Netto, do Comando Militar do Leste, na chefia das ações de Segurança no estado. De acordo com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, o general Braga Netto terá "poder de governo" no Rio de Janeiro.
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