Dodge pede condenação de líder do governo no Congresso por desvio de verba

Raquel Dodge também quer que André Moura, líder do governo Temer no Congresso, pague multa três vezes superior ao valor supostamente desviado por ele entre 2005 e 2007; na época, deputado era prefeito de Pirambu, SE

Dono de foro privilegiado, deputado André Moura está implicado em diversas ações penais no STF
Foto: José Cruz/Agencia Brasil - 4.10.16
Dono de foro privilegiado, deputado André Moura está implicado em diversas ações penais no STF

Raquel Dodge, procuradora-geral da República (PGR), apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (15) as alegações finais em três ações penais contra o deputado federal André Moura (PSC-SE) , líder do governo de Michel Temer (MDB) no Congresso.

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Dogde apresentou indícios apontando que Moura, antigo aliado do hoje detendo Eduardo Cunha (MDB) , foi responsável pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e desvio de recursos públicos quando exerceu o mandato de prefeito, de 2005 a 2007, do município de Pirambu, em Sergipe.

O Ministério Público quer, além da condenação, o ressarcimento aos cofres públicos e o pagamento de uma multa de três vezes o valor das verbas desviadas a título de danos morais em favor da população de Pirambu .

Dodge lembra que Moura foi prefeito do município por dois mandatos consecutivos (1997 a 2004), elegendo após esse período Juarez Batista dos Santos, seu sucessor.

O novo prefeito, em depoimento à polícia civil, afirmou que mesmo após assumir o cargo, o prefeito “de fato” continuava a ser André Moura e seu grupo. Era ele, por exemplo, quem indicava os secretários municipais.

De acordo com Juarez, Moura exigia repasses em dinheiro e favores pessoais.

“Com a conivência de Juarez Batista dos Santos, André Luiz Dantas Ferreira [André Moura] continuou a ter poder de decisão na prefeitura, definindo as pessoas que seriam nomeadas secretários municipais, e utilizando a máquina administrativa em favor de seus interesses políticos e pessoais”, escreve Dodge no documento remetido ao STF.

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Moura teria recebido dinheiro em espécie do tesouro municipal, a disponibilização para si de linhas telefônicas exclusivas e a compra, por parte do setor de merendas escolares do município, de comida e bebidas para seu uso exclusivo.

Em 2006, por fim, o deputado teria exigido um repasse superior a R$ 1 milhão. Depois disso, disse Juarez em seu depoimento, ele interrompeu os desvios que fazia por ordens de André Moura.

Por tanto, conta, passou a ser ameaçado pelo deputado. Um segurança particular de sua casa chegou a levar um tiro de raspão em uma tentativa de assalto, que, segundo ele, teria sido arquitetada por Moura para intimidá-lo.

Procurado pela imprensa, o líder do governo ainda não se manifestou sobre o parecer da PGR.

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