O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, deve se encontrar com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso na segunda-feira (19) para prestar esclarecimentos sobre suas declarações a respeito do inquérito que tem o presidente Michel Temer como alvo
. A informação partiu do gabinete do ministro no Supremo e foi reportada pelo jornal O Estado de S.Paulo
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Inicialmente, Fernando Segovia havia se comprometido a se explicar já nesta Quarta-feira de Cinzas (14) após ter sido intimado por Barroso. Relator do inquérito que investiga se Temer recebeu vantagem indevida da empresa Rodrimar em troca de favorecimento no chamado Decreto dos Portos, o ministro do STF considerou que a entrevista concedida pelo diretor-geral da PF à agência Reuters na sexta-feira (9) é "manifestamente imprópria e pode, em tese, caracterizar infração administrativa e até mesmo penal".
Na entrevista, Segovia diz que as investigações não encontraram indícios de crimes supostamente cometidos pelo presidente e indicou que recomendaria o arquivamento do inquérito.
"Os indícios são muito frágeis, na realidade, de que haja ou que houve algum tipo de influência realmente, porque em tese o decreto não foi feito para beneficiar aquela empresa”, disse. "Se houve corrupção ou ato de corrupção, não se tem notícia do benefício. O benefício não existiu. Não se fala e não se tem notícia ainda de dinheiro de corrupção, qual foi a ordem monetária, se é que houve, até agora não apareceu absolutamente nada que desse base de ter uma corrupção”, completou o chefe da Polícia Federal.
Criticado por entidades de delegados da PF e intimado por Barroso, Segovia divulgou nota garantindo que "em momento algum disse à imprensa que o inquérito será arquivado".
"Asseguro a todos os colegas e à sociedade que estou vigilante com a qualidade das investigações que a Polícia Federal realiza, sempre em respeito ao legado de atuações imparciais que caracterizam a PF ao longo de sua história”, escreveu o delegado.
Investigação deve ser prorrogada
O prazo para conclusão da investigação sobre o Decreto dos Portos, assinado em maio do ano passado pelo presidente Temer, encerra-se na terça-feira da semana que vem (20). Mas ainda há diligências pendentes – como a tomada dos depoimentos de Joesley Batista e Ricardo Saud, executivos do grupo J&F – o que deve levar os delegados da PF a pedirem mais tempo . Segovia disse, ainda na entrevista à Reuters , que a investigação deve ser concluída em até três meses.
A falta de provas no âmbito dessa investigação esbarra na preservação dos sigilos fiscal e bancário do presidente Temer. Essa diligência foi recomendada por peritos da Polícia Federal , mas não foi solicitada nem por Fernando Segovia e nem pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. A chefe da PGR optou por pedir outros procedimentos, como a obtenção dos registro de doações eleitorais feitas pela Rodrimar ao presidente ou à direção do MDB.