Palocci se diz disposto a detalhar caixa dois e pede para ser ouvido no TRF-4

Ex-ministro pediu hoje para ser interrogado no âmbito de ação na qual ele já foi condenado pelo juiz Sérgio Moro; relator decidirá se aceita a petição

Ex-ministro Antonio Palocci em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, em setembro do ano passado
Foto: Reprodução/ JFPR
Ex-ministro Antonio Palocci em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, em setembro do ano passado

O ex-ministro Antonio Palocci pediu para ser interrogado mais uma vez no âmbito de ação penal da Lava Jato na qual ele foi condenado a 12 anos e 2 meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro. Agora, o ex-chefe da Fazenda dos governos Lula e Dilma quer ser ouvido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), responsável pelo recurso do ex-ministro.

Em petição protocolada nesta quinta-feira (8), os advogados de Antonio Palocci afirmaram que o ex-ministro pretende "cooperar na elucidação dos fatos criminosos", inclusive relatando detalhes da origem e destino de doações ilegais feitas ao Partido dos Trabalhadores.

A realização de novos interrogatórios de réus já ouvidos na primeira instância da Justiça não é um procedimento comum na tramitação de recursos na esfera criminal. Caberá ao relator dos processos da Lava Jato no TRF-4, desembargador João Paulo Gebran Neto, decidir se aceita ou não o pedido de Palocci.

Preso desde setembro de 2016 em Curitiba, Palocci foi condenado nessa ação penal em junho do ano passado por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O juiz Sérgio Moro entendeu que o ex-ministro recebeu recursos da "conta corrente da propina" da construtora Odebrecht e lavou o dinheiro por meio de pagamentos no exterior aos então marqueiteiros do PT João Santana e Mônica Moura.

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O que Palocci tem a dizer

O ex-ministro já abriu negociações para se tornar um delator , mas não houve acordo com o Ministério Público Federal (MPF) até hoje. Apesar disso, Palocci deu claros sinais de mudança de postura em depoimento prestado em setembro ao juiz Moro no âmbito da ação na qual ele e Lula são réus.

Na ocasião, Palocci revelou a existência de um  "pacto de sangue" entre o Partido dos Trabalhadores e a Odebrecht . Esse "pacto" envolvia, nas palavras de Palocci, "um presente pessoal" a Lula, que seria "um sítio, um prédio de um museu pago pela empresa, palestras pagas a R$ 200 mil" e uma "reserva de R$ 300 milhões que foram sendo disponibilizados com a planilha entregue pela empreiteira".

PT reagiu às declarações de Antonio Palocci afirmando que o ex-ministro demonstrava "fraqueza de caráter". Após isso, o ex-chefe da Fazenda nos governos petitas de Lula e Dilma  decidiu pedir desfiliação do Partido dos Trabalhadores.