Ainda com dificuldades em garantir apoio para a proposta de reforma da Previdência
, o presidente Michel Temer disse nesta sexta-feira (2) que seu governo conseguirá resistir caso o pacote de alterações nas regras para a aposentadoria não seja aprovado, mas os seguintes, não. A justificativa do emedebista para esse entendimento é o crescente rombo do sistema previdenciário.
“Tenho mais 11 meses de governo. Eu aguento a Previdência. Houve um deficit de R$ 268 bilhões nesse ano que passou. A tendência é aumentar essa dívida previdenciária este ano, mas o meu governo aguenta. O que não vai aguentar são os próximos anos”, disse Michel Temer em entrevista à Rádio Jornal , de Pernambuco.
O presidente também falou sobre a reforma ao jornal O Estado de São Paulo
, defendendo que "já fez a sua parte" pelo projeto e que agora "é preciso convencer o povo". Temer reconheceu que suas constantes aparições em programas de TV
tiveram como objetivo diminuir a resistência popular à reforma.
A votação da PEC que muda as regras para acesso à aposentadoria foi inicialmente marcada para o dia 19 deste mês no plenário da Câmara dos Deputados. Temer, no entanto, disse ao Estadão
que ainda irá se reunir com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para decidir se vale a pena levar o projeto à votação mesmo sem garantia de votos.
“Vamos insistir muito na reforma da Previdência. Agora, de fato, é preciso ter votos. Nós temos duas, três semanas para fazer a avaliação se temos votos ou não e depois decidimos se vamos votar de qualquer maneira ou não”, disse o presidente.
Leia também: Por não provar que está vivo, Michel Temer fica sem remuneração da aposentadoria
Batalha não é eterna, segundo ministro
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou nessa quinta-feira (1ª) que o governo entende ser necessário aprovar o projeto ainda neste mês. Apesar de também defender a insistência nessa pauta, Padilha disse entender que a busca por apoio não pode ser eterna.
“Nós temos uma batalha que deve ter um momento de parar. Na nossa visão, tem que ser em fevereiro. E faremos de tudo para termos os votos necessários”, declarou o ministro.
A reforma da Previdência precisa de ao menos 308 votos para ser aprovada no plenário da Câmara. De acordo com o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, o Planalto já conseguiu assegurar o apoio de ao menos 275 deputados.
Marun, que é um dos principais articuladores do governo na busca por votos, disse ontem que o texto final do projeto será apresentado na próxima terça-feira (6) pelo relator, deputado Arthur Maia (PPS-BA). O presidente Michel Temer e sua equipe têm admitido a possibilidade de fazer alterações na redação para ganhar apoio dos deputados.
Leia também: Barroso mantém suspensão de indulto mais amplo e envia tema ao plenário do STF