
Antes de deixar de ser exibido na televisão em dezembro do ano passado, o programa Pânico na Band dedicou diversos domingos para dar espaço e credibilidade ao deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), um dos presidenciáveis nas eleições de 2018. A divulgação disfarçada de humor chegou a ganhar até um quadro: “Mitadas do Bolsonabo”, onde o humorista Márvio Lúcio, o Carioca, imitava o político.
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Porém, engana-se quem pensa que a imitação servia para ridicularizar ou ofender Bolsonaro , como já foi feito antes pelo programa, com Dilma e Lula. O objetivo do quadro era exaltar os ideais políticos do deputado, criando uma espécie de título de “mito” para ele.
A atração se baseava em perguntas feitas pelo público ao personagem Bolsonabo , onde ele respondia de maneira grosseira e preconceituosa sobre temas relacionados a mulheres e LGBTs. As respostas do humorista eram sempre aclamadas e recebidas com aplausos e euforia pelo público, que também fazia parte do elenco.
Com maior tempo de visibilidade “patrocinada” por um programa de televisão, o deputado certamente conseguiu se aproveitar da audiência da emissora para se tornar conhecido no cenário nacional entre os espectadores do Pânico na Band , o que o favorece diante das eleições que acontecerão em outubro.
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A atitude parece pouco democrática quando a exposição de ideias de apenas um candidato recebe atenção e é exaltada, enquanto nenhum outro elegível recebeu a mesma atenção do programa.
Apesar de não configurar propaganda eleitoral antecipada, por não ter sido explícito o pedido de voto, o artigo 36-A da Lei das Eleições ressalta que as emissoras de rádio e TV devem dar tratamento isonômico aos pré-candidatos.
Sem Lula, Bolsonaro pode vencer eleições
As aparições no programa já refletem na posição de Bolsonaro diante das pesquisas de intenção de voto. Segundo o levantamento divulgado na manhã desta quarta-feira (31), pelo Instituto Datafolha o deputado fica em segundo lugar na corrida presidencial , com 16% das intenções de voto, atrás apenas de Lula, com 37%.
Mas, se o nome de Lula não estiver nas urnas em outubro deste ano, o deputado do PSC é quem aparece como principal candidato à Presidência da República. No cenário sem o petista, Bolsonaro lidera com 18% das intenções de voto, contra 13% de Marina Silva (Rede), 10% de Ciro Gomes (PDT) e 8% tanto para Geraldo Alckmin (PSDB) quanto para o apresentador de TV Luciano Huck (sem partido). Nos demais cenários analisados sem Lula, Bolsonaro aparece com 19% e 20% das intenções de voto.