![Advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, durante julgamento de recurso no TRF-4 Advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, durante julgamento de recurso no TRF-4](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/08/4j/bi/084jbidwv1evcitvh0x5y6bih.jpg)
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, foi palco de frases impactantes nesta quarta-feira (24) durante o julgamento do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a condenação no caso tríplex. Confira abaixo algumas delas:
“Lamentavelmente, Lula se corrompeu”
Responsável pela sustentação oral da acusação, o procurador da República Mauricio Gerum disse nesta manhã que a "promiscuidade entre o mundo empresarial e o mundo político nunca é inocente", referindo-se à alegada relação entre agentes do Partido dos Trabalhadores (PT) e executivos da construtora OAS. "Lamentavelmente, Lula se corrompeu", declarou o representante do Ministério Público Federal (MPF).
Lula é "mantenedor/fiador do esquema de corrupção"
O desembargador João Pedro Gebran Neto, relator do processo, classificou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como "mantenedor/fiador" do esquema de corrupção entre a OAS e agentes políticos no âmbito da Petrobras. "Há prova documental e testemunhal a respeito da participação da OAS no esquema de corrupção na Petrobras [...] e de pagamento de propina a agentes políticos. Em especial, por ordem ou orientação do ex-presidente Lula como mantenedor/fiador do esquema de corrupção", destacou.
"Se de um lado tem-se o corrupto, do outro lado tem-se o corruptor"
Ao dizer que há "materialidade e autoria" no crime de corrupção configurado no recebimento do apartamento no Guarujá, o relator Gebran Neto disse que "se de um lado tem-se o corrupto, do outro tem-se o corruptor [Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS]".
"Infelizmente, reafirme-se, infelizmente, está sendo condenado um ex-presidente"
Assim como fez Moro em sua sentença, dizendo que a condenação de Lula "não trazia satisfação pessoal", o desembargador Gebran também fez questão de destacar em seu voto que considerava a situação uma infelicidade. "Infelizmente, reafirme-se, infelizmente, está sendo condenado um ex-presidente, mas que praticou crime e pactuou direta ou indiretamente com tantos outros, o que indica a necessidade de uma censura acima daquela que originadamente se firmaria na dosagem", disse Gebran.
"Ninguém pode ser condenado por ter costas largas e nem ser absolvido por ter costas quentes"
Ao rejeitar as preliminares das defesas, o revisor do processo, desembargador Leandro Paulsen, disse que ninguém seria "absolvido por ter costas quentes". "A denúncia é complexa, não há dúvida, mas complexos são os fatos", declarou em seu voto.
"Não estamos julgando a vida pregressa das pessoas"
Ao ler o relatório do processo no início da sessão de julgamento, o Gebran Neto destacou que o objeto da discussão na 8ª Turma do TRF-4 são os recursos contra a sentença do juiz Sérgio Moro no caso tríplex, e não a "vida pregressa das pessoas". O apontamento serve como recado à defesa de Lula, que tem destacado feitos de seus governos no combate à corrupção ao alegar sua inocência no processo.
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"A esperança de hoje é a condenação destes réus para absoluta necessidade do povo brasileiro"
O representante da Petrobras, René Ariel Dotti, atuou como advogado assistente da acusação nesta manhã e disse "não haver dúvida" de que a estatal petrolífera foi vítima de uma "refinada organização criminosa". O advogado tratou a manutentação da sentença condenatória de Moro como uma "esperança" e "necessidade do povo brasileiro".
"Moro construiu uma acusação própria"
O advogado Cristiano Zanin Martins, que representa Lula no processo, criticou a atuação do juiz da Lava Jato em Curitiba e afirmou que Sérgio Moro "contruiu uma acusação própria". "O que se tem aqui é um processo mudo, que gerou uma sentença nula", afirmou. "[Moro] deixou de lado a denúncia. O que se vê na sentença é uma completa distorção."
"Condução foi coercitiva. O depoimento, não"
![Desembargador João Pedro Gebran Neto no julgamento de recursos de Lula contra sentença da Lava Jato Desembargador João Pedro Gebran Neto no julgamento de recursos de Lula contra sentença da Lava Jato](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/9r/lg/w8/9rlgw873e8z9gx9puvqzwjmhy.jpg)
Ao proferir seu voto, o relator Gebran Neto defendeu que o juiz Sérgio Moro não é suspeito para julgar o caso e defendeu o instrumento da condução coercitiva (criticada por aliados de Lula). O desembargador garantiu que em nenhum momento foi negado a Lula o direito de manter-se em silêncio. "A condução foi coercitiva, o depoimento não", disse.
Alegações da defesa "demonstram mera insatisfação com os parâmetros adotados" por Moro
O relator Gebran Neto rejeitou todas as preliminares apresentadas pelas defesas dos acusados e rechaçou os argumentos da defesa de Lula de que não há relação entre a sentença do juiz Sérgio Moro e a acusação oferecida pelo Ministério Público Federal. "A denúncia é bastante clara e indica todas as circunstâncias de que teriam sido cometidos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro", considerou o magistrado.
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