A capital gaúcha amanhaceu mais vermelha nesta segunda-feira (22). Mais de 150 caravanas de apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já chegaram a Porto Alegre para acompanhar o decisivo julgamento marcado para quarta-feira (24) no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), segundo balanço do PT.
O Partido dos Trabalhadores espera contar com cerca de 30 mil manifestantes vindos de vários estados do País até o dia do julgamento do recurso de Lula contra sua sentença no caso tríplex da Lava Jato. Caso a condenação seja mantida, o ex-presidente poderá se enquadrar na Lei da Ficha Limpa e ficar impedido de participar das eleições deste ano.
Um grupo de petistas e integrantes de movimentos sociais realizou já nesta manhã uma marcha em apoio ao ex-presidente. O ato contou com a presença da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e de lideranças do partido como o senador Lindbergh Farias (RJ), o ex-ministro Alexandre Padilha, e o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS).
A caminhada partiu da Ponte do Guaíba, na entrada da cidade, e seguiu por um trajeto de sete quilômetros de extensão até o Anfiteatro Pôr-do-Sol.
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O novo julgamento de Lula
Os recursos contra as decisões do juiz Sérgio Moro no caso tríplex (apresentados pelas defesas de Lula e de mais seis condenados, além do Ministério Público Federal) são os únicos itens da pauta de julgamentos de quarta-feira na 8ª Turma do TRF-4, que terá início às 8h30.
O ex-presidente foi condenado a cumprir 9 anos e 6 meses de prisão por crimes de corrupção e lavagem por supostamente ter aceitado favorecimento da construtora OAS mediante a compra e reforma de um apartamento tríplex no Condomínio Solaris, no Guarujá (SP). A defesa nega.
Participarão do julgamento o relator, João Pedro Gebran Neto , e os desembargadores Leandro Paulsen (presidente da 8ª Turma) e Victor Luiz dos Santos Laus.
O recurso da defesa
A defesa de Lula apresentou em setembro seu recurso contra a sentença proferida por Moro. No documento assinado pelo advogado Cristiano Zanin Martins, o defensor do ex-presidente nas ações da Lava Jato pediu a anulação da decisão de Moro, considerada por ele "injusta e injurídica".
Entre os argumentos apresentados pela defesa para justificar o pedido de anulação da condenação estão o de que o próprio juiz Moro teria reconhecido que não há registro de valores desviados da Petrobras utilizados para o pagamento de propina a Lula. Os advogados também afirmam que Moro cerceou o direito à ampla defesa, e que a denúncia contra o ex-presidente se baseia em depoimentos de réus que apresentaram "uma falsa versão incriminadora contra Lula em troca de benefícios diversos".
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