O presidente Michel Temer reclamou que há uma "tentativa brutal" de desmoralizá-lo e garantiu que não deixará o Planalto com a "pecha de um sujeito que incorreu em falcatruas". As declarações foram feitas em entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo
publicada neste sábado (20).
Temer garantiu ao jornal que "jamais" pediu informações internas da Caixa Econômica Federal ao vice-presidente afastado do banco Roberto Derziê de Sant'Anna, conforme o próprio executivo relatou a uma auditoria independente contratada pela estatal.
"Se [Derziê] disse alguma coisa relativamente a eu pedir e exigir isso, claro que está mentindo. De repente, chego à Presidência e sou vítima de uma avalanche que me transforma como se fosse um sujeito corrupto. [...] Como se eu fosse um sujeito capaz das maiores barbaridades, ditas por um vice-presidente que tem relação formal comigo, cerimoniosa", defendeu-se o presidente. "Não vou sair da Presidência com essa pecha de um sujeito que incorreu em falcatruas. Não vou deixar isso", completou.
O presidente também considerou que não houve demora para determinar o afastamento dos executivos da Caixa suspeitos de envolvimento em esquema de corrução, medida que foi efetivada nessa semana apesar de o Ministério Público Federal ter feito recomendação nesse sentido ainda em dezembro . Segundo Temer, ele só tomou conhecimento dos pedidos para determinar o afastamento dos vices da Caixa após recomendação do Banco Central, no início da semana. "Não conhecia os pormenores da investigação. Como confesso que não conheço até hoje. Na minha função, não consigo acompanhar caso por caso", justicou-se.
Fator Eduardo Cunha e encontro com Segóvia
Temer apresentou ainda nova versão para uma história relatada por outro vice-presidente afastado da Caixa, Antônio Carlos Ferreira. O ex-vice Corporativo do banco contou que procurou Temer após ser pressionado por Eduardo Cunha (MDB) a mantê-lo informado sobre projetos em discussão pois o então deputado pretendia "rentabilizar seu mandato".
O presidente disse que aconselhou Ferreira a "cumprir as suas funções e nada mais que suas funções". "'Se alguém pressioná-lo para alguma coisa, você não tem de dar a menor importância a isso'. Foi isso o que disse", afirmou Temer.
Questionado também sobre seu encontro fora da agenda oficial com o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, às vésperas da entrega de suas respostas a questionamentos feitos pela PF , Temer disse que "não se preocupa" com esse caso. O presidente é investigado em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente ter favorecido a empresa Rodrimar na edição do decreto dos Portos, assinada no ano passado.
"Eu discuti sobre segurança pública. O que me surpreende é que o presidente não pode falar com o diretor-geral da Polícia Federal. Como se fosse criminoso. Eu já estava com as perguntas respondidas. São tão desarrazoadas, singelas, simplórias que não tinha nenhuma preocupação", garantiu o presidente Michel Temer.
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