O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta segunda-feira (15) que o governo ainda precisa angariar de 70 a 80 votos para conseguir aprovar a proposta de reforma da Previdência no plenário da Casa. A votação do pacote de mudanças nas regras para a aposentadoria está marcada para o dia 19 de fevereiro e é necessário o apoio de pelo menos 308 deputados para o projeto avançar.
Em viagem a Nova York, Maia alertou sobre dificuldades que o ano eleitoral pode trazer aos planos do governo para a reforma da Previdência . "É preciso mais 80 deputados parar ter o conforto de ir a plenário. E em ano eleitoral, se não houver clareza de que há uma base sólida para votar, muitos acabam nem comparecendo", disse o deputado à Agência Câmara Notícias .
Maia, que é hoje um dos principais nomes do governo na busca por votos para a reforma , voltou ainda a defender a necessidade de conquistar o apoio de governadores para aprovar a PEC. O democrata se reuniu na semana passada com o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), para tratar sobre o assunto, rito já colocado em prática anteriormente com os governadores do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), e de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).
“Vamos precisar de diálogo e de envolvimento dos governadores, que serão beneficiados [pela reforma]. Este ano, cinco estados não pagaram o 13º salário do funcionalismo público e não existe solução a curto prazo se não reestruturarmos as contas públicas”, disse.
O parlamentar e possível candidato à Presidência voltou ainda a mencionar o desgaste que a base aliada do governo teve após ser colocada à prova nas votações que barraram as duas denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer. "O governo terminou 2016 com uma base de 360 deputados e acabou com 250 depois da segunda denúncia", lembrou Maia.
"O Brasil vai bem, mas sofremos revés"
Outra peça-chave do governo da luta pela reforma, o ministro Carlos Marun (MDB) publicou vídeo em suas redes sociais nesta segunda-feira reconhecendo que o Planalto "sofreu um revés" ao não conseguir aprovar a reforma em 2017.
"O Brasil vai bem. Juros e inflação baixíssimas... Aumento do consumo... O desemprego diminui... Mas a verdade é que sofremos um revés. Isso é bom? Não, é ruim. Mas eu faço uma reflexão: imagine os senhores se o Brasil vier a quebrar? Por isso é que nós insistimos: o Brasil precisa tornar a sua Previdência mais justa e menos desigual para que o nosso país viva um futuro de menos incertezas e de mais prosperidade", disse o ministro na curta gravação.
O texto da reforma da Previdência está pronto para ir à votação desde maio do ano passado, quando o relatório elaborado pelo deputado Arthur Maia (PPS-BA) foi aprovado na comissão especial da Câmara. Em dezembro, ao constatar que ainda não tinha os 308 votos necessários para aprovação da proposta, o governo decidiu adiar para fevereiro a votação e o presidente da Câmara definiu cronograma que começa com a discussão da proposta em plenário a partir do dia 5 de fevereiro, e votação em primeiro turno em 19 de fevereiro.
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