O receio de aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
acerca de uma viagem do petista à África se confirmou nesta segunda-feira (15) por obra do deputado e pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL).
Lula havia confirmado no fim do ano passado que embarcaria num voo para a cidade de Adis Abeba, capital da Etiópia, para participar de um debate sobre o combate à fome. A viagem está marcada para o dia 26, apenas dois dias após o julgamento do recurso do ex-presidente contra condenação na Lava Jato pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Conforme noticiou a Folha de S.Paulo em dezembro, pessoas próximas ao petista temiam que a proximidade das datas da viagem e do julgamento alimentariam rumores de que Lula estaria planejando uma fuga. É exatamente o que sugeriu Jair Bolsonaro em suas redes sociais nesta manhã.
Em vídeo, o deputado destacou o fato de que dois assessores e um assistente de Lula tiveram afastamento autorizado nesta segunda-feira pela Secretaria-Geral da Presidência da República para "acompanhar o ex-presidente [...] em viagem à cidade Adis Abeba, no período de 23 a 29 de janeiro". Os servidores integram a cota pessoal de Lula como ex-presidente da República (cada um dos cinco ex-presidentes vivos têm direito a manter até seis assessores e motoristas remunerados pela Presidência).
"Estaria Lula preparando uma saída estratégica temendo uma condenação via TRF-4?", indagou Bolsonaro
em seu vídeo. O deputado complementou sua teoria escrevendo que o petista poderia "pedir asilo" durante sua estadia na África.
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A viagem de Lula
Oficialmente, a expedição de Lula pelo continente africano tem como mote a participação em um evento promovido pela FAO, órgão das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura. O diretor-geral da FAO é José Graziano, amigo e ex-ministro de Lula que coordenou a criação do programa Fome Zero no Brasil.
Além do petista, também estão previstas as participações no evento da FAO na Etiópia dos ex-presidentes da Nigéria, Olusegun Obasanjo, e de Gana, John Kufuor.
A ideia do ex-presidente é ficar apenas dois dias fora do Brasil. Ainda segundo a reportagem da Folha , Lula pretende comunicar à Justiça sobre sua viagem à Etiópia. A reportagem do iG tentou contato com a equipe do ex-presidente, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
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