Três ex-executivos da construtora Odebrecht prestam depoimento nesta segunda-feira (18) na sede da Justiça Federal em Brasília. Os interrogatórios se dão no âmbito de ação penal ligada à Operação Sépsis
, que investiga esquema de corrupção acerca de fundos de investimentos controlados pela Caixa Econômica Federal
.
Responsável pelo processo, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, irá interrogar Benedicto Barbosa Júnior, que era o responsável pelo 'departamento da propina' da Odebrecht , Hilberto Mascarenhas, que atuava no mesmo setor da empresa, e Rogério Ibrahim, diretor financeiro da empreiteira.
Essa ação penal tem como alvos André Luiz de Souza, ex-sindicalista e ex-integrante do comitê responsável por gerir o Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS), e Vitor Hugo dos Santos, ex-servidor da Caixa (controladora do FI-FGTS).
De acordo com a denúncia oferecida à Justiça pelo Ministério Público Federal (MPF), André Luiz teria solicitado e recebido R$ 27,4 milhões e US$ 8,7 milhões do grupo Odebrecht entre 2008 e 2013. Já Vitor Hugo, apontado como aliado de André no esquema criminoso, teria embolsado US$ 400 mil da empreiteira.
A denúncia é embasada nos depoimentos prestados por delatores da construtora e também pelo ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto – que responde a outra ação penal ao lado do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB).
Porto Maravilha
Segundo a Procuradoria da República, a propina paga à dupla se deu em contrapartida à atuação de André e Vitor para atender aos interesses da Odebrecht em obter Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) para lançar empreendimentos imobiliários na região portuária do Rio (Porto Maravilha).
"André Luiz, mesmo afastado das atividades no FGTS, contava com o apoio de Vitor Hugo, então Gerente Nacional de Fundos para o Setor Imobiliário", narra a denúncia. "Vitor Hugo, conforme visto, foi beneficiário de um dos depósitos feitos pelo Grupo Odebrehct, no valor de US$ 400 mil, a pedido de André Luiz. Tal contrapartida se deu em razão do cargo de Vitor Hugo, o qual era fundamental para que a Odebrecht pudesse conseguir comprar os Cepacs."
Os dois são acusados de praticar crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro (configurado pelas manobras adotadas para ocultar a propina recebida). André Luiz também responde por crime de tráfico de influência, que é quando se cobra "vantagem ou
promessa de vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público
no exercício da função".
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