O senador Aécio Neves (PSDB) – que passou parte do seu mandato neste ano afastado do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) – afirmou pela primeira vez, nesta sexta-feira (15), que pretende ser candidato nas eleições do ano que vem.
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A declaração do tucano foi feita, nesta manhã, em entrevista à rádio Itatiaia. De acordo com o próprio Aécio Neves , seus planos são de concorrer à reeleição ao Senado ou tentar voltar ao cargo de governador de Minas Gerais, ocupado no período entre janeiro de 2003 e março de 2010.
A escolha final sobre qual corrida eleitoral o senador irá disputar no ano que vem deverá ocorrer, segundo Aécio, após uma conversa com "as forças políticas" que o apoiam. Porém, o tucano admitiu que "o Senado é o caminho natural".
Perguntado sobre os nove inquéritos que tramitam contra ele no Supremo, Aécio afirmou que não será condenado "em hipótese alguma", afinal, segundo o próprio, não pesa sobre ele nenhuma conduta ilícita. Por isso mesmo, não teme que as denúncias o retirem das eleições de 2018.
"Dizem respeito (inquéritos), sem exceção, a financiamentos de campanhas eleitorais. Há uma coisa em comum em relação àqueles que fazem referência ao meu nome", ressaltou. "Todos dizem que em relação ao senador e ao governador Aécio nunca houve contrapartida e favorecimento a quem quer que fosse e eles deram ajuda em minas campanhas eleitorais porque acreditavam no nosso projeto", se defendeu o senador.
Contexto político de Aécio
A declaração do senador acontece uma semana depois dele ter perdido o cargo de presidente nacional do PSDB para o governador de São Paulo e pré-candidato a presidente da República, Geraldo Alckmin. Alckmin foi eleito no sábado passado (9) o novo presidente do partido.
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O ano de 2017 não foi fácil para o tucano mineiro. Em maio, foi envolvido em um escândalo de corrupção e chegou a ser afastado de sua cadeira no Senado Federal por ordem direta do ministro Edson Fachin, do Supremo.
Aécio foi citado em delação premiada dos irmãos e empresários Wesley e Joesley Batista. e teve áudios revelados em conversas comprometedoras. O senador Aécio Neves foi flagrado em escuta telefônica pedindo R$ 2 milhões a Joesley.
"Exerço mandatos públicos há mais de 30 anos e, com uma série de inquéritos, não tinha recursos para constituir a minha defesa. Não me envergonho disso e aceitei uma proposta de empréstimo de um cidadão a quem eu tinha oferecido um apartamento de propriedade minha família", justificou o senador em entrevista.
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"Isso não me desonra", disse Aécio Neves, acrescentando que esse valor não se trata de dinheiro público, mas a um empréstimo privado.