O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deu a entender nesta segunda-feira (4) que a proposta de reforma da Previdência pode não vir a ser aprovada antes do recesso do Congresso Nacional, que oficialmente está previsto para ter início no dia 23. Ainda assim, Meirelles defendeu que o pacote de alterações nas regras para a aposentadoria seja sancionado ainda durante o governo do presidente Michel Temer, para que o próximo presidente não inicie o mandato com esse "enorme desafio".
O ministro avaliou como "completamente positivas" as reuniões realizadas nos últimos dias com lideranças de partidos da base aliada em busca de votos para a reforma da Previdência . Meirelles disse acreditar que o projeto, considerado "fundamental" pelo Planalto , deve ir à votação entre o final deste ano e o início da próxima legislatura, já em 2018.
"É importante que o próximo presidente não tenha que assumir tendo esse enorme desafio pela frente", disse o ministro. "Houve, não só no almoço, mas também no jantar, um comprometimento muito grande de todos os partidos da base e das lideranças com a reforma", relatou Meirelles, referindo-se a encontros ocorridos nesse domingo (3).
O texto da reforma está pronto para ir à votação no plenário da Câmara dos Deputados desde maio deste ano, mas teve sua tramitação emperrada por conta do surgimento das denúncias contra o presidente Michel Temer. Agora, muitas lideranças políticas que antes acataram os termos propostos pelo governo passaram a se mostrar menos maleáveis e a exigir alterações na redação final do projeto.
Rodrigo Maia
Ainda na semana passada, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), reconheceu que "falta muito voto" para conseguir aprovar o projeto , que precisa do apoio de ao menos 308 parlamentares, em duas votações. Por conta disso, Maia ainda não agendou a votação do tema no plenário.
Já nesta segunda-feira, Maia disse que o governo poderá contar com até 325 votos para a votação da reforma na Câmara. O deputado defendeu que o Planalto busque apoio de parlamentares de partidos que não integram a base aliada do governo, mas que simpatizam com a proposta de reforma da Previdência. "Eu estou realista. Não dá ainda para ser otimista", disse Maia após evento em São Paulo.
"[A data da votação] compete a uma coordenação, em última análise, do presidente da Câmara e do presidente da República, fazendo essa avaliação de qual é o momento certo de pautar", disse hoje o ministro Henrique Meirelles, que acrescentou: "Isso é uma decisão do Congresso Nacional. Não me compete definir limites".
O PSDB, partido que vive na iminência de abandonar a base de sustentação do governo, anunciou na semana passada que apoia as mudanças nas regras da aposentadoria. O presidente interino da legenda, Alberto Goldman, convocou para essa quarta-feira (6) uma reunião com deputados para discutir o texto da reforma. "A reforma da Previdência é fundamental para o País. Para reduzir desigualdades e privilégios existentes no sistema de seguridade social", afirmou Goldman.
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Meirelles candidato?
Quesitonado por jornalistas após palestra na Fundação Getúlio Vargas (FGV), o ministro da Fazenda comentou sobre a possibilidade de se candidatar à Presidência da República em 2018. Ele afirmou que tomará essa decisão apenas em março do ano que vem.
"Preciso ter foco total no meu trabalho como ministro da Fazenda no momento. Não é o momento de estar em campanha ou com preocupações de outra ordem. Para o País, isso é o mais importante".
O ministro defendeu que o candidato que represente os partidos da base aliada do governo deve ser um nome comprometido com a agenda de reformas iniciada em 2016.
"É muito importante que o candidato escolhido por todos os partidos da base seja comprometido com essa política econômica e com todas as reformas em todas as áreas, ensino médio, trabalhista, etc", disse o chefe da Fazenda.
*Com informações e reportagem da Agência Brasil