A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
divulgou nota neste domingo (26) alegando que a força-tarefa de procuradores que atuam na Operação Lava Jato só aceita acordos de colaboração "se tiverem mentiras" contra o petista e sua família. O ato é uma reação à reportagem publicada nesta manhã pelo jornal Folha de S.Paulo
, segundo a qual negociadores do grupo Andrade Gutierrez foram alertados que só haveria acordo com a empresa caso fossem denunciados repasses à empresa de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho mais velho do petista.
Os advogados afirmam que a Lava Jato exerce "pressão para que investigados ou réus confessos confirmem narrativas acusatórias formuladas por seus membros contra Lula
e seus familiares". A prática teria ocorrido com o ex-ministro Antonio Palocci e o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, conforme o entendimento da defesa do ex-presidente. Os advogados anunciaram na nota divuglada nesta tarde que anunciou que os fatos revelados pela reportagem da Folha
serão levados a conhecimento da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A equipe do ex-presidente também reafirma que os repasses feitos pela Telemar (Oi), que tem a Andrade Gutierrez como uma de suas controladoras, à empresa Gamecorp (que tem Lulinha entre seus sócios) já foram "exaustivamente" investigados, e que as apurações foram todas arquivadas por falta de provas.
"Abrir e reabrir investigações sem qualquer materialidade, suportada por depoimentos forçados de delatores, configura claro abuso de autoridade, além de evidenciar o mau uso das lei e dos procedimentos jurídicos para fins políticos", diz a defesa. "Os limites que a lei estabelece para o poder do Estado e de seus agentes devem valer para Lula, para seus familiares e para todos os cidadãos. Qualquer abuso deve ser tolerado e punido, na forma da lei."
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A Oi e a empresa de Lulinha
De acordo com a reportagem publicada pela Folha , os procuradores da Lava Jato buscam entender a razão que levou a Oi a investir R$ 82 milhões na empresa de Lulinha num momento em que a companhia acumulava prejuízos financeiros.
A Andrade Gutierrez e seus executivos possuem acordo de leniência e de delação premiada com a Justiça desde meados do ano passado, quando foi assinado um termo para o pagamento de R$ 1 bilhão a título de indenização.
Só que os investigadores notaram algumas lacunas nas versões relatadas pela empresa e seus diretores, daí as novas negociações acerca da complementação do acordo – que envolveria a inclusão de denúncias contra a família de Lula.