A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que o Partido dos Trabalhadores (PT) tem que “perdoar quem bateu panela” e criar um espírito de “reencontro” para as eleições de 2018, em entrevista desta segunda-feira (13), à rede alemã Deutch Welle , durante viagem que faz à Berlim.
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A presidente deposta voltou a dizer que “seu governo foi vítima de um golpe”, mas que não é possível “perseguir” o eleitorado que foi a favor do impeachment. Para Dilma, é hora de "perdoar a pessoa que bateu panela achando que estava salvando o Brasil, e que depois se deu conta de que não estava".
Mas isso não significa um perdão generalizado. “Uma hora nós vamos ter que nos reencontrar. Uma parte do Brasil se equivocou. Agora isso não significa perdão àqueles que planejaram e executaram o golpe”.
No entanto, mesmo que o país tenha sido vítima de “golpistas”, alianças com políticos do PMDB, partido de seus principais algozes no processo de impeachment, como o presidente Michel Temer e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha , não devem ser descartadas.
“Dificilmente nós faremos aliança com o PMDB em nível nacional. Mas você vai falar que não pode fazer aliança com o [senador Roberto] Requião (...) uma pessoa que combateu o golpe. Você não vai fazer uma aliança com a Kátia Abreu?”. Renan Calheiros , presidente do Senado à época de sua deposição também seria válido pois ele “não trabalhou a favor do golpe”.
Dilma disse que a política brasileira só tem solução caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva volte ao poder , pois ele foi “o melhor presidente” do país e seria a “única esperança” no pleito de 2018.
Além disso, que teria sido vítima de “perseguição”. “Se você olhar o desenvolvimento das pesquisas, vai ver que está subindo a aprovação”, ela afirmou. “ Na época do impeachment, eles [a mídia e os adversários políticos] conseguiram colocar a rejeição a ele e ao PT lá em cima. Eles apostam que o povo brasileiro é ignorante. Mas o povo brasileiro vai percebendo esse grau de intolerância e de perseguição”, completou.
E segundo Rousseff, o país não precisaria de uma renovação na política. “O que os conservadores conseguiram produzir? Produziram a extrema direita, o MBL [Movimento Brasil Livre] e o [Jair] Bolsonaro. E o que ainda é novo no Brasil? O gestor incompetente, tipo o Trump? O João Dória? Ou você deseja a política de animação de auditório como política social, que é o Luciano Huck ? Isso é o novo?”, exemplificou.
Volta a cargos públicos?
Sobre sua rotina pós-impeachment, Dilma Rousseff descreve que tenta passar o tempo com sua família quando está em Porto Alegre, apesar da energia que seus netos demandam. “Mas ser avó tem esse mérito: a gente estraga bastante e depois devolve para a mãe”.
E sobre qualquer intenção de voltar a ocupar um cargo público, Dilma não desconversa e não descarta a opção, mas demonstra cautela. “No Brasil, se eu falar que não vou me candidatar e depois mudar de ideia, vou ter que dar um chá de explicações. Contemplo a possibilidade para não ter que dar explicação”.