Aliados mantêm resistência à reforma da Previdência mesmo após apelo de Temer

Temer disse em reunião com ministros e líderes no Congresso que o projeto é "fundamental", mas deputados entendem que governo não tem apoio suficiente; Maia cita desgaste com denúncias e pede "reorganização da base"

Presidente Michel Temer durante reunião na noite dessa segunda-feira (6)
Foto: Marcos Corrêa/PR - 6.11.17
Presidente Michel Temer durante reunião na noite dessa segunda-feira (6)

O presidente Michel Temer (PMDB) deixou claro na  reunião realizada na noite dessa segunda-feira (6) com ministros e líderes da base aliada no Congresso que o Planalto tem mesmo como prioridade a aprovação da  reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Durante o encontro, o peemedebista destacou a "visível recuperação" da economia no período de seu mandato, mas pontuou que o pacote de alterações nas regras para acesso à aposentadoria "é fundamental para a continuação desse movimento".

Apesar do apelo do presidente, expoentes dos partidos de apoio ao Planalto ainda têm restrições quanto à proposta de reforma da Previdência . O projeto é considerado uma das principais apostas do governo para o ajuste das contas públicas e está pronto para ir à votação desde maio, mas emperrou na Câmara devido ao surgimento das denúncias de delatores da JBS contra o presidente Michel Temer.

Ainda na noite dessa segunda-feira, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o governo precisa "reorganizar sua base" para conseguir aprovar o projeto – que, por ser uma proposta de emenda à Constituição, requer o apoio de ao menos três quintos dos deputados (308 votos) e votação em dois turnos.

Maia defendeu que o Executivo demonstre aos parlamentares, aos líderes e aos partidos o impacto no Orçamento da União no próximo ano se a reforma não for aprovada. Ele reconheceu que a  votação das duas denúncias contra Michel Temer gerou desgaste para aqueles que apoiaram o governo.

“Passamos cinco meses de muita tensão, e houve um desgaste muito grande para os deputados que votaram com o presidente Temer. Os deputados estão machucados. Tendo o desgaste, cabe ao governo reorganizar sua base para voltar a ter número e votar a Previdência”, disse Maia.

Deficit inexistente e outros projetos

O pedido do presidente da Câmara por informações que comprovem o impacto da reforma reflete as dúvidas levantadas a partir da CPI da Previdência no Senado. O grupo produziu um relatório que contraria as informações do Planalto e garante que a Previdência Social não é deficitária, mas, sim, alvo de má gestão.

Mesmo o líder do PMDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (SP), reconhece que o Planalto ainda não conseguiu reunir o apoio necessário para aprovar a proposta. O parlamentar de São Paulo defende que o governo passe a focar em outros projetos que não necessitam de um quórum qualificado.

"[A reforma] não é pauta única, temos outros assuntos importantes que também dizem respeito à economia. Não acho que o governo, para pauta do ajuste fiscal, que é prioridade do governo e da Câmara, dependa exclusivamente da reforma da Previdência”, disse Baleia Rossi.

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*Com informações e reportagem da Agência Câmara Notícias