Temer alinha ideias com Maia e mira reforma da Previdência após barrar denúncia

No dia seguinte à votação que enterrou segunda denúncia da PGR; Temer envia ministros para se reunir com Maia e alinhavar votações e prioridades

Presidente Michel Temer após receber alta na noite dessa quarta-feira; peemedebista tratou obstrução urológica
Foto: Agência Brasil - 25.10.17
Presidente Michel Temer após receber alta na noite dessa quarta-feira; peemedebista tratou obstrução urológica

Horas após  se livrar da segunda denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e de  receber alta do hospital onde foi submetido a procedimento médico para tratar uma obstrução urológica, o presidente Michel Temer (PMDB) enviou emissários para reuniões ao longo desta quinta-feira (26) com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A ideia do Planalto é afinar discursos e definir prioridades nesse momento pós-tormenta.

De acordo com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que esteve nesta manhã na residência oficial da presidência da Câmara, a prioridade do governo será retomar a tramitação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Considerado uma das principais apostas do Planalto para atingir o equilíbrio fiscal, o  pacote de alterações nas regras para a aposentadoria está com a redação pronta desde maio, mas travou após o surgimento das primeiras denúncias do empresário Joesley Batista contra o presidente Michel Temer .

“[O tema da reunião] foi exatamente os próximos passos da agenda econômica. A ideia é prosseguir normalmente. Esta é a decisão do presidente da Câmara e com a qual concordamos integralmente. Então, vamos prosseguir normalmente, enviando os projetos da agenda econômica, que é o mais importante para o País no momento. Reforma da Previdência em primeiro lugar, reforma tributária depois”, disse Meirelles após a reunião.

O ministro afirmou que, a princípio, o governo tentará avançar com a proposta de emenda à Constituição com mudanças nas regras de acesso à aposentadoria da maneira como foi aprovada na comissão especial . Ele negou que haverá enxugamento da medida, deixando o projeto apenas com a alteração da idade mínima, e acredita que a base aliada terá votos suficientes para aprovar a reforma na Câmara.

Como se trata de uma emenda constitucional, a reforma precisa de pelo menos 308 votos do total de 513 deputados para ser aprovada. "Acredito que há uma consciência de que a reforma da Previdência é absolutamente necessária”, considerou o ministro.

Além de Meirelles, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, também tem agenda marcada com Maia nesta quinta-feira.

Leia também: Juiz nega pedido de Cunha e passa a ouvir hoje investigados por desvios na Caixa

Outro a se safar de denúncia, Eliseu Padilha endossa discurso de Meirelles

Também nesta manhã, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse em evento no Tribunal de Contas da União (TCU), que integrantes do governo vão conversar com Maia e líderes de partidos para retomar negociações para a votação das reformas, em especial a da Previdência.

“Vamos ver com o presidente Rodrigo Maia qual é o calendário que ele propõe e também temos que ver com ele e os líderes na Câmara quais os tópicos que devemos enfocar com mais veemência nesse momento”, disse Padilha.

“Acho que é uma pauta que interessa tanto ao governo quanto ao Congresso. O presidente Rodrigo Maia já manifestou interesse em possamos fazer com que ande a reforma da Previdência. A reforma é fundamental para o Brasil”, afirmou o ministro.

Rodrigo Maia, de fato, afirmou nessa quarta-feira que a Câmara voltará a discutir a reforma da Previdência a partir de novembro. Na avaliação do parlamentar, para que seja aprovada, a reforma precisará ser enxugada e focada em aspectos considerados essenciais para “acabar com a maior transferência de renda do mundo de pobres para ricos”.

O ministro Eliseu Padilha também era alvo da denúncia rejeitada nessa quarta-feira pelo plenário da Câmara. Além do chefe da Casa Civil e de Michel Temer, também eram acusados de organização criminosa o ministro Moreira Franco, os ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o ex-assessor da Presidência Rodrigo Rocha Loures.

*Com informações e reportagem da Agência Brasil