O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou que Aécio Neves (MG) "não tem condições de ficar na presidência do PSDB" – cargo que pertence ao mineiro, mas que é ocupado interinamente por Tasso desde maio. A declaração de Jereissati se dá no dia seguinte à votação no Senado que revogou a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal
(STF) que havia suspendido o mandato de Aécio como senador e imposto a ele recolhimento domiciliar noturno.
"Acho que ele não tem condições, dentro da circunstância que está, de ficar como presidente do PSDB . E nós precisamos ter uma solução definitiva e não provisória", disse Tasso ao chegar ao Senado na manhã desta quarta-feira (18).
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Tasso assumiu interinamente a presidência nacional do partido após o início das investigações contra Aécio em decorrência de acusações de delatores da JBS. Denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva e obstrução à Justiça, o mineiro já foi afastado do Senado por duas ocasiões somente neste ano (a primeira delas foi por decisão do ministro do STF Edson Fachin e durou cerca de um mês, entre maio e junho).
Jereissati disse que ainda não conversou com Aécio sobre o assunto, o que deve ocorrer até o fim da tarde desta quarta-feira (quando o mineiro retorna ao Congresso, após cerca de 20 dias).
Apesar de afirmar que Aécio deveria renunciar à presidência do PSDB, Tasso defendeu a decisão do Senado em devolver o mandato do ex-presidenciável. “A decisão de ontem foi a decisão da maioria e eu acho que é mal interpretada. No meu entender é dar ao senador Aécio o que ele não teve até agora, que foi o direito de defesa", disse Tasso.
"Aqui, no próprio Senado, ele vai ter o Conselho de Ética onde ele vai ter que se defender e ao mesmo tempo o julgamento no Supremo continua”, completou o senador, lembrando que Aécio é alvo de representação no Conselho de Ética – que ainda não foi analisada pelo colegiado.
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Aécio 'em dívida' com Temer e mais fraco no próprio partido
A declaração de Tasso Jereissati evidencia o enfraquecimento de Aécio dentro de seu próprio partido. E se essa situação é ruim para o senador, também é ruim para o presidente Michel Temer.
O peemedebista atuou para conquistar apoio a Aécio na votação dessa terça-feira (17) no Senado. Dos 44 votos que decidiram a vitória do tucano, 18 foram proferidos por parlamentares do PMDB – partido de Temer.
Agora, o tucano se vê no dever de retribuir o apoio recebido ajudando a barrar a segunda denúncia apresentada pela PGR contra o presidente. Mas, com sua influência em baixa, o senador pode não ser capaz de impedir que deputados do PSDB acabem votando pela admissibilidade da denúncia contra Temer.
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*Com informações da Agência Brasil