O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou que a divulgação dos vídeos da delação de Lúcio Funaro
tenha provocado uma crise em sua relação com o presidente Michel Temer – principal alvo das acusações do lobista nos depoimentos à Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Vocês confundem a defesa da Câmara com qualquer conflito com o presidente Michel Temer. Meu partido é da base aliada, mas eu sou presidente da Câmara. Portanto, entendo que, quando a Câmara ou seus servidores são atacados, eu tenho de reagir em nome da instituição . Isso não afeta minha relação com o presidente Temer”, afirmou Rodrigo Maia nesta terça-feira (17).
A menção de Maia a "ataques" diz respeito à nota divulgada no fim de semana pelo advogado de Temer, Eduardo Carnelós, que considerou que houve "criminoso vazamento" das delações de Funaro. O defensor se retratou da crítica após constatar que os vídeos haviam sido disponibilizados pelo site oficial da Câmara, por decisão de Maia, no último dia 29.
Os vídeos foram enviados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como parte da documentação que compõe a denúncia da PGR contra Temer e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco , em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.
O presidente da Câmara também minimizou o conteúdo das delações de Funaro, que atingem grande parte da cúpula do PMDB, e disse que seria "basicamente impossível" manter os vídeos sob sigilo até o fim da tramitação da denúncia da PGR contra Temer e ministros na Câmara dos Deputados.
"Essa narrativa [delação] já era pública. Ninguém se surpreendeu com o que foi dito na maioria dos vídeos”, disse Maia ao declarar que tem “certeza de que nenhuma das polêmicas dos últimos dias vai afetar os deputados” que analisam a denúncia contra Temer.
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A carta de Temer
Maia também defendeu a iniciativa de Michel Temer em enviar uma carta aos deputados afirmando que existe uma “conspiração” para derrubá-lo da Presidência da República .
"Como um presidente denunciado pela segunda vez pela PGR vai falar com os deputados sem que seja de forma transparente? Melhor que seja assim do que de forma oculta. Ele enviou uma carta pública. O caminho é de total transparência”, disse Maia ao garantir que sua posição no trâmite da denúncia contra Temer será imparcial.
“A CCJ vota nessa semana e, na quarta-feira da próxima semana, a Câmara decide o julgamento de todos os seus membros [da denúncia]”, garantiu Rodrigo Maia.
*Com informações e reportagem da Agência Brasil