O presidente Michel Temer reagiu à divulgação dos depoimentos do lobista Lúcio Funaro, que revelaram uma série de acusações contra ele
, e enviou nesta segunda-feira (16) uma carta a deputados da base aliada de seu governo para garantir apoio à rejeição da segunda denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Na correspondência de quatro páginas, Michel Temer afirma que "fatos incontestáveis o convenceram" de que existe uma "conspiração" para derrubá-lo da Presidência da República. O presidente atribui essa perseguição a integrantes e ex-servidores da PGR, entre eles o ex-procurador-geral Rodrigo Janot.
"O que me deixa indignado é ser vítima de gente tão inescrupulosa", escreveu o presidente, referindo-se aos delatores da JBS e a Funaro. "Eu, que tenho milhares de livros vendidos de direito constitucional, com mais de 50 anos de serviços na universidade, na advocacia [...] sou vítima de uma campanha implacável com ataques torpes e mentirosos. Que visam a enlamear meu nome e prejudicar a República", disse Temer aos seus aliados.
Temer cita entrevista concedida pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) à revista Época para defender o argumento de que a delação de Funaro só foi aceita por Rodrigo Janot porque o lobista, diferentemente de Cunha, teria aceitado "incriminar o presidente da República". O peemedebista alega ainda que Funaro "nem sequer o conhecia".
"Tudo combinado, tudo ajustado, tudo acertado, com o objetivo de: livrar-se de qualquer penalidade e derrubar o presidente da República", escreveu Temer. "E agora, trazem de volta um delinquente conhecido de várias delações premiadas não cumpridas para mentir, investindo contra o presidente, contra o Congresso Nacional, contra os parlamentares e partidos políticos."
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"Marginais"
O peemedebista ataca ainda o empresário Joesley Batista e menciona a conversa gravada entre o principal acionista do grupo JBS-Friboi e o executivo do grupo J&F Ricardo Saud na qual a dupla revela ter recebido orientações do então procurador Marcello Miller para esconder informações em seu acordo com o MPF.
"Diálogo sujo, imoral, indecente, capaz de fazer envergonhar aqueles que o ouvem. Não só pelo vocabulário chulo, mas pelo conteúdo revelador de como se deu toda a trajetória que visava a impedir a prisão daqueles que hoje, em face desse áudio, presos se encontram", escreveu Temer na carta.
Temer chama os delatores de "marginais" e diz que a carta visa "eliminar as marcas" deixadas pelas "afirmações falsas" e "denúncias ineptas alicerçadas em fatos construídos artificialmente".
"É um desabafo. É uma explicação para aqueles que me conhecem e sabem de mim. É uma satisfação àqueles que democraticamente convivem comigo. As urdiduras conspiratórias estão sendo expostas. A armação está sendo desmontada", afirmou Michel Temer.
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