Anunciado nesta quinta-feira (28) como relator da segunda denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer na Câmara, o deputado governista Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) terá que enfrentar o racha interno no PSDB.
Isso porque o partido se divide sobre a permanência ou não do apoio a Temer. Quando foi escolhido, Andrada, que é aliado do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), teve sua nomenclatura comemorada por governistas e aliados do presidente.
Para eles, o Palácio do Planalto terá o trabalho para impedir no Senado que a decisão do Supremo Tribunal Federal que afastou Aécio do cargo compensado com um relatório favorável por parte do deputado.
Um dos principais aliados do presidente, o deputado Beto Mansur (PRB-SP), já sinalizou sua satisfação pela escolha do relator. "O governo queria alguém que tivesse uma capacidade técnica para fazer um relatório em cima de uma denúncia que, na minha opinião, é inócua", declarou.
Em agosto, Bonifácio de Andrada votou a favor da rejeição da primeira denúncia contra Temer, contrariando recomendação de seu próprio partido, que defendia o avanço do processo para o STF. "Senhor presidente, voto 'sim', a favor das instituições e do progresso do Brasil", declarou.
Escolhido pelo presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), o relator deverá ouvir o parecer de Temer e os ministros Moreira Franco, da Secretaria-Geral, e Eliseu Padilha, da Casa Civil, - ambos alvos da acusação – e formular um parecer na Comissão de Constituição e Justiça da Casa.
O parecer da CCJ irá servir de base para a votação definitiva, a do plenário, que deverá acontecer na semana do dia 25 de outubro, conforme o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Para poder analisar a denúncia o STF será autorizado caso ao menos 342 dos 513 deputados
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Posicionamento
Andrada também afirmou, na CCJ, que não via problema no encontro, sem registro oficial entre Temer e Joesley Batista. E que a gravação feita do presidente da República foi realizada de forma "imoral".
Ele também condenou a delação "altamente premiada" do executivo. Disse que ela "desenvolveu-se de forma incorreta, não obedeceu às determinações legais da própria lei que regulamenta a matéria".
"A delação não só é incorreta, mas também cheia de dúvidas. Não é uma delação que merece total compreensão e total justificação, ela é falha."
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