Por meio de uma carta, o ex-ministro Antônio Palocci se manifestou nesta terça-feira (26) pedindo desfiliação do Partido dos Trabalhadores (PT). Endereçado à presidente da legenda, senadora Gleisi Hoffmann, o documento tem quatro páginas, nas quais estão descritos os motivos que o levaram-no a abandonar o partido que foi um dos fundadores.
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No texto, Palocci faz diversas críticas ao partido e ao ex-presidente Lula. Entre elas, o ex-ministro conta que achou estranho a abertura do processo contra ele na Lava Jato, não por sua condenação, mas pelas declarações contra o ex-presidente. “Pensava ser normal que o partido procurasse saber as razões que levaram a tal condenação e minhas eventuais alegações. Mas nada recebi sobre isso", escreveu em sua carta.
Mesmo sem entrar em detalhes sobre o que sabe a respeito de ilegalidades – pois ainda está negociando um acordo de colaboração premiada com a Justiça -, ele ressalta que todo o conteúdo do depoimento criticado pelo partido descreve apenas a verdade dos fatos.
"De qualquer forma, quero adiantar sobre as informações prestadas em 06/09/2017 (compra do prédio para o Instituto Lula, doações da Odebrecht ao PT, ao Instituto Lula, reunião com Dilma e Gabrielli sobre as sondas e a campanha de 2010, entre outros) são fatos absolutamente verdadeiros", declarou.
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O ex-ministro acredita que, em breve, tudo será esclarecido pelos próprios integrantes do PT. "O próprio Lula irá confirmar tudo isso, como chegou a fazer com o 'mensalão', quando, numa importante entrevista concedida na França, esclareceu que as eleições do Brasil eram todas realizadas sob a égide do caixa dois, e que era assim com todos os partidos".
Depoimento
Palocci era acusado de trair a fidelidade partidária, em um processo aberto pelo diretório municipal de Ribeirão Preto, em São Paulo. Alvo de uma comissão de ética, o ex-ministro dos governos Lula e Dilma foi alvo de uma comissão ética por suas afirmações contra o ex-presidente petista, em seu depoimento ao juiz Sérgio Moro, no dia 6 de setembro.
Durante a colaboração, Palocci também afirmou que Lula mantinha um “pacto de sangue” com o executivo Emílio Odebrecht. O acordo incluía, além de outros ‘agrados’, um pacote de R$ 300 milhões em propinas para o Partido dos Trabalhadores.
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