O empresário Marcelo Odebrecht entregou documentos para a Polícia Federal que podem comprovar o pagamento de doações oficiais de R$ 4 milhões ao Instituto Lula. O montante, segundo a documentação, saiu do Setor de Operações Estruturadas, o chamado 'departamento de propinas' da empreiteira.
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As informações foram divulgadas na manhã desta terça-feira (26) pelo jornal O Estado de S.Paulo . De acordo com a publicação, Marcelo Odebrecht apresentou à PF e-mails enviados em novembro de 2013, para executivos do setor.
Nas mensagens, ele informa que os repasses seriam feitos por via legal, mas debitados de um total de R$ 15 milhões da planilha "Italiano". Essa planilha, de acordo com a empreiteira, tratava da "conta corrente" gerenciada pelo ex-ministro Antonio Palocci. Ainda segundo Marcelo, tais recursos seriam destinados ao codinome "Amigo", que a Odebrecht diz ser uma referência ao ex-presidente Lula. Além dos e-mails, foram apresentadas notas fiscais.
Todo esse material foi anexado à investigação na última quinta-feira (21). Nesse mesmo depoimento, Marcelo apresentou cópia de recibos de quatro parcelas de doação ao Instituto Lula, cada uma no valor de R$ 1 milhão.
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“As cópias desses recibos foram extraídas do computador de Fernando Migliaccio (ex-executivo da construtora), com os impressos dos e-mails, o que corrobora que os valores foram efetivamente descontados da planilha Italiano, senão não haveria razão para estar de posse dele”, relatou o empresário.
'Perseguição'
Em resposta, a defesa do ex-presidente Lula afirmou que essa nova acusação "parece ser a nova onda da perseguição da Lava Jato" contra o petista.
“A tentativa de criminalizar o recebimento de doações legais para o Instituto Lula, retratadas em recibos, parece ser a nova onda da perseguição da Lava Jato contra o ex-Presidente Lula", afirmou o advogado Cristiano Zanin Martins.
"Lula não recebeu qualquer doação ilegal da Odebrecht ou de qualquer outra empresa. As doações questionadas não tiveram Lula como beneficiário, mas sim entidade sem fins lucrativos que não se confunde com o ex-Presidente”, concluiu, sobre o depoimento de Marcelo Odebrecht.
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