Soldados do Exército fazem cerco à favela da Rocinha, em São Conrado, na zona sul do Rio, desde a última sextas-feira
Vladimir Platonow/Agência Brasil - 22.9.17
Soldados do Exército fazem cerco à favela da Rocinha, em São Conrado, na zona sul do Rio, desde a última sextas-feira

Palco de confrontos armados há mais de uma semana e vivendo nesta segunda-feira (25) o quarto dia de cerco das Forças Armadas , a favela da Rocinha atravessa um momento de "estabilização", segundo afirmou o ministro da Defesa, Raul Jungamnn, em entrevista à rádio CBN nesta manhã.

"Há uma estabilização de ontem [domingo] para cá dentro da favela da Rocinha e os tiroteios reportados não são mais entre traficantes, mas entre polícia e os bandidos", disse Jungmann, respaldado pela aparente tranquilidade na comunidade nesta manhã após uma madrugada sem tiroteios – a última troca de tiros na região ocorreu na tarde desse domingo (24).

Localizada em São Conrado, na zona sul do Rio, a Rocinha voltou a conviver com uma rotina de guerra desde o domingo passado (17), quando criminosos liderados pelo traficante conhecido como Nem da Rocinha atacaram os aliados de Rogério 157, atual número um do tráfico na comunidade. Nem e Rogério 157 integram a mesma facção criminosa, a Amigos dos Amigos (ADA), mas romperam a aliança após Rogério autorizar a execução de um amigo de Nem em agosto do ano passado.

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"Home office" 

Jungmann disse que é necessário cortar a comunicação entre criminosos que estão presos e seus comandados em liberdade. "Se a gente não corta a comunicação... Se o comando do tráfico transforma a prisão em home office , a gente está enxugando gelo. Então tenho defendido que todos que entrem em contato com esses presidiários tenham gravadas as suas conversas", disse o ministro à CBN .

O chefe da Defesa garantiu que tem feito "pedidos aos estados" para que impeçam essa comunicação de detentos e também tem cobrado "mudanças legislativas" nesse sentido. No caso do confronto entre traficantes da Rocinha, no entanto, a responsabilidade é federal, uma vez que o comandante dos ataques, Nem da Rocinha, está preso na penitenciária federal de Porto Velho, em Rondônia.

O ministro garantiu ainda que hoje as forças policiais estaduais do Rio e as tropas federais têm atuado de forma "harmônica". Jungmann não estipulou um prazo para as Forças Armadas deixarem de fazer o cerco à Rocinha, mas garantiu que o Exército estará no Rio de Janeiro "até dezembro de 2018" (quando se encerra a gestão do presidente Michel Temer).

"Estamos lá, por determinação do presidente Michel Temer, até o último dia de dezembro de 2018. Mas o Exército não resolve o problema criminal. Se por acaso as Forças Armadas recebessem a ordem de entrar na guerra, você teria uma quantidade de mortos que não seria aceitável. O treinamento das Forças Armadas é para destruir. Mas é óbvio que ninguém quer destruir a Rocinha”, afirmou o ministro.

De acordo com Jungmann, a operação policial com o apoio de 950 soldados das Forças Armadas já resultou na prisão de 16 criminosos e na apreensão de "mais de duas dezenas" de fuzis e de oito granadas.

Ainda nesta segunda-feira, as forças de Segurança do Rio de Janeiro aumentaram para R$ 50 mil a recompensa por informações que levem à captura de Rogério 157. Acredita-se que o chefe do tráfico na favela da Rocinha tenha fugido da comunidade pela floresta da Tijuca, que fica ao redor da favela.

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