O juiz federal Sérgio Moro autorizou o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB) a estender seu período de permanência em Brasília. A decisão atende a pedido do juiz Vallisney de Souza Oliveira
, da 10ª Vara Federal do DF, que se viu obrigado a adiar para o mês que vem o interrogatório do ex-deputado sobre desvios em fundos de investimentos controlados pela Caixa.
Condenado a 15 anos e 4 meses de prisão na Lava Jato, Eduardo Cunha
cumpre sua pena no Complexo Médico Penal, em Pinhais (PR), e recebeu autorização para permanecer em cela do Departamento de Polícia Especializada de Brasília para prestar depoimento no âmbito de ação penal da Operação Sépsis, na qual é réu. A estadia do ex-deputado em Brasília estava prevista inicialmente para durar até a próxima terça-feira (26), mas agora foi prorrogada para pelo menos até o dia 9 de outubro, data para a qual foi reagendada a audiência do peemedebista.
O reagendamento dos depoimentos foi determinado pelo juiz de Brasília após as defesas de Cunha e de Henrique Eduardo Alves (que também é réu) exigirem a juntada ao processo dos termos da delação premiada do lobista Lúcio Funaro, que também responde pelos crimes investigados. Aprópria defesa de Funaro concordou com o pedido.
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Novas datas
Os depoimentos do empresário Alexandre Margotto e do ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto, programados até então para ocorrer na última quarta-feira (20), foram reagendados para o dia 4 do mês que vem.
Lúcio Funaro, apontado como operador de Cunha no esquema, será ouvido às 10h do dia 9 de outubro, mesmo dia em que o próprio Cunha e Henrique Alves serão interrogados, à tarde. Dessa lista de réus, apenas os dois peemedebistas não possuem acordo de delação premiada.
O ex-ministro Geddel Vieira Lima, que foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, também é investigado por suposta participação no esquema criminoso, mas é réu em outra ação penal.
Além de acatar o pedido para adiar os interrogatórios, o juiz Vallisney também atendeu a solicitação da defesa de Cunha para liberar os réus a acompanharem as audiências dos demais investigados.
O ex-deputado é acusado de ter cometido os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e violação de sigilo funcional. Segundo a denúncia recebida pela Justiça Federal em Brasília, Eduardo Cunha teria cobrado propina de empresas, entre 2011 e 2015, para liberar aportes financeiros por meio do fundo de investimentos do FGTS (FI-FGTS), controlado pela Caixa. O esquema, segundo a Procuradoria, teria rendido ao menos R$ 20 milhões em propina ao ex-deputado.
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