Frente à iminência de ser mais uma vez denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot
, o presidente Michel Temer fez crítica indireta ao chefe do Ministério Público Federal ao condenar nesta quinta-feira (13) a prática do abuso de autoridade.
Sem citar nominalmente Janot e evitando responder a perguntas de jornalistas, o presidente Michel Temer afirmou durante anúncio da construção de uma ponte no município de Xambioá (TO) que "a única autoridade do País é a Constituição Federal".
"Quando alguém ultrapassa o limite da lei, daí é que há violação da autoridade, uma coisa que devemos evitar no Brasil", afirmou o peemedebista.
As recorrentes críticas de Temer a Janot confirmam o endereçamento das declarações desta manhã. O presidente chegou a pedir a suspeição de Rodrigo Janot – que permanece à frente da PGR só até o fim desta semana – no Supremo Tribunal Federal (STF) alegando que o procurador age com "motivação pessoal" contra ele. O pedido foi rejeitado, por unanimidade, na tarde dessa quarta-feira no Supremo.
“A existência dessas prerrogativas não autoriza que o procurador-geral saia ‘atirando flechas’ na direção do presidente da República ou se utilize de ‘carta branca’ para a sua atuação, diante dos expressos limites previstos na Constituição Federal”, afirmaram os advogados de Temer ao pedir a suspeição de Janot. A declaração faz alusão à frase "enquanto houver bambu, lá vai flecha", entoada anteriormente pelo procurador-geral da República.
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Nova denúncia
De acordo com reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal Folha de S.Paulo , Janot deve denunciar o presidente Temer por crimes de organização criminosa e obstrução à Justiça.
A peça elaborada por Janot tem mais de 200 páginas e, além do presidente, deve comprometer ainda integrantes do PMDB da Câmara dos Deputados que foram alvos do relatório da Polícia Federal para o Supremo, apresentado na segunda-feira (12). Porém, nem todos deverão ser acusados sob a suspeita de dois crimes ou mais.
O documento terá como base informações citadas em delações de executivos da JBS e do doleiro Lúcio Funaro, que teve delação premiada homologada recentemente pelo ministro Edson Fachin.
A primeira denúncia contra o presidente Michel Temer se referia a suposto pagamento de vantagem indevida da JBS ao peemedebista por meio de seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures. A admissibilidade da ação, no entanto, acabou rejeitada pelo plenário da Câmara dos Deputados.
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