O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, minimizou nesta terça-feira (12) os questionamentos levantados contra ele, estratégia que ganhou força após a crise acerca da delação de Joesley Batista e Ricardo Saud , da JBS.
Chefe do Ministério Público Federal só até o fim desta semana, Rodrigo Janot enfrenta novo pedido de suspeição apresentado pela defesa do presidente Michel Temer ao Supremo Tribunal Federal (STF) e que será julgado pela Corte nessa quarta-feira (13).
“Como não há escusas pelos tantos fatos descobertos que vieram à luz escancarados, que a estratégia de defesa não poderia ser outra se não tentar desconstituir, desacreditar a figura das pessoas encarregadas do combate à corrupção”, disse o procurador-geral.
A declaração foi feita durante o lançamento da campanha Todos Juntos contra a Corrupção, um dia após a Polícia Federal concluir inquérito que apresenta indícios da prática de crimes por parte do presidente Michel Temer e integrantes do PMDB da Câmara.
Janot enalteceu a produtividade dos procuradores da República, exaltando a "qualidade e a quantidade inéditas" de investigações feitas nos últimos anos. Para ele, tudo isso fez com que só restasse aos investigados "tentar desconstruir e desacreditar” àqueles a quem cabe combater a corrupção.
“Nunca se viu, em toda nossa história, tantas investigações abertas, e tantos agentes públicos e privados investigados, processados e presos”, disse Janot. “Não há como não reconhecer os avanços significativos obtidos no Brasil nos últimos anos na luta contra a corrupção. Não há mais como retroceder, embora haja muito ainda por se realizar”, acrescentou. Segundo Janot, as instituições brasileiras estão funcionando bem e que “as reações [a elas] têm sido proporcionais”.
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"Não vamos desistir do combate à corrupção"
Dirigindo-se a diversas autoridades presentes no evento de lançamento da campanha Todos Juntos contra a Corrupção, Janot fez algumas citações, em especial uma frase de Henry Ford: “Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam”, e acrescentou, “temos de lembrar disso todo dia e fazer saber aos nossos detratores que não conjugamos dois verbos: retroceder e desistir do combate à corrupção”.
Sobre a campanha, Janot disse que o objetivo é desenvolver um conjunto de estratégias preventivas que envolvam ações e campanhas de conscientização contra a corrupção; e projetos educacionais que levem os temas da ética, da cidadania, do enfrentamento à corrupção para a discussão dentro do âmbito familiar, escolar, empresarial, associativo ou público.
“É preciso criar cultura completamente avessa às práticas de corrupção; conscientizar e engajar a população no papel fundamental de organização e mobilização contra esse quadro de patrimonialismo, fisiologismo e clientelismo que marca infelizmente o curso de nossa história”, disse.
*Com informações e reportagem da Agência Brasil