O executivo Ricardo Saud, da empresa JBS, afirmou à PGR (Procuradoria-Geral da República) que enviou ao exterior áudio de conversas com o advogado José Eduardo Cardozo, que foi ministro da Justiça por pouco mais de cinco anos, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
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De acordo com informações publicadas nesta segunda-feira (11) pelo jornal “Folha de S.Paulo”, a informação sobre a conversa com o ex-ministro José Eduardo Cardozo foi dada por Ricardo Saud na última quinta-feira (7), durante depoimento prestado à Procuradoria.
Ainda segundo a reportagem do jornal, a informação referente à gravação do diálogo com o ex-ministro – que é filiado ao PT – integra o pedido de prisão contra Ricardo Saud, o empresário Joesley Batista e o ex-procurador da República Marcelo Miller. O pedido foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Saud e Joesley tiveram prisão provisória decretada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin.
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O áudio do diálogo envolvendo os delatores da JBS e o ex-ministro da Justiça não foi divulgado para a imprensa. Entretanto, conforme a “Folha”, a PGR afirma que conversas como a de Cardozo “não apenas deixaram de ser entregues ao Ministério Publico Federal como foram levadas ao exterior, em aparente tentativa de ocultação dos arquivos das autoridades”.
Reunião em São Paulo
Ainda de acordo com o jornal, Saud relatou um encontro que teve com Marco Aurélio Carvalho, que é sócio do ex-ministro, na casa de Joesley , em um bairro nobre de São Paulo. Saud teria dito que foi informado por Carvalho que Cardozo voltaria a advogar e que a empresa precisava de alguém da área de compliance – motivo pelo qual o encontro com o petista foi marcado.
“No jantar, Marco Aurélio chegou antes e disse que Cardozo estava muito bem, era intocável pela reputação imaculada, querendo vender os serviços; que pagava a Marco Aurélio para ter uma 'reserva de boa vontade' caso precisasse de algo, que nunca ocorreu", diz o depoimento, conforme informações da “Folha”. Saud informou à PGR que relatou sobre o encontro ao ex-procurador Marcelo Miller, que o teria advertido de que a prática poderia “dar cadeia” aos envolvidos. O executivo também avisou que iria gravar o senador Ciro Nogueira (PP-PI).
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Após a conversa, Miller teria saído da sala mandando mensagens pelo celular, o que teria causado estranheza em Saud. O executivo da JBS disse que não mostrou ao ex-procurador a gravação de José Eduardo Cardozo, que “apenas mostrou um pen drive”.