O ministro Edson Fachin do Supremo Tribunal Federal (STF) homologou nesta terça-feira (5) o acordo de delação premiada do empresário e doleiro Lúcio Funaro com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Funaro está preso há mais de um ano no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal.
A PGR , que havia reenviado o documento ao ministro do STF no último dia 31 , agora pode usar os fatos delatados pelo empresário nas investigações envolvendo os processos a que o colaborador está envolvido, podendo basear acusações contra parlamentares, ministros do governo e o presidente Michel Temer.
Funaro é processado pela Justiça Federal em Brasília em três investigações da Polícia Federal (PF) – Greenfield, Sépsis e a Cui Bono – que envolvem suspeitas de desvios de recursos públicos e fraudes na administração de quatro dos maiores fundos de pensão de empresas públicas do país: Funcef (Caixa), Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Postalis (Correios). O empresário também foi citado nas delações da JBS.
Funaro é testemunha-chave em processos que envolvem o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e os ex-ministros Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima.
Temer critica delação
Na sexta-feira (1º), por meio de nota, o presidente Michel Temer se manifestou contra o acordo de delação premiada de Funaro, criticando a colaboração.
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No documento divulgado pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, Michel Temer critica o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e questiona a veracidade das informações repassadas pelo doleiro à Procuradoria-Geral da República e os prováveis benefícios que ele obterá com a delação.
“A suposta segunda delação do doleiro Lúcio Funaro , que estava sob sigilo na Procuradoria-Geral da República, mas tem vazado ilegalmente na imprensa nos últimos dias, apresenta inconsistências e incoerências próprias de sua trajetória de crimes. Funaro acionou meses atrás a Justiça para cobrar valores devidos a ele pelo grupo empresarial do senhor Joesley Batista [sócio do grupo JBS], por alegados serviços prestados, negando que recebesse por silêncio ou para evitar delação premiada”, diz trecho da nota.
No documento, o presidente questiona ainda a suposta mudança de postura da PGR em relação a Lúcio Funaro . “Agora, diante da vontade inexorável de perseguir o presidente da República, Funaro transmutou-se em personagem confiável. Do vinagre, fez-se vinho. Quem garante que, ao falar ao Ministério Público, instituição que já traiu uma vez, não o esteja fazendo novamente? Se era capaz de ameaçar a vida de alguém para escapar da Justiça, não poderia ele mentir para ter sua pena reduzida? Isso seria, diante de sua ficha corrida, até um crime menor”, declara o peemedebista no texto.
* Com informações da Agência Brasil