Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, holding da JBS, e Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da empresa, ambos delatores da Lava Jato divulgaram uma nota nesta terça-feira (5) apresentando suas “sinceras desculpas” aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pelas citações indevidas em conversas gravadas por eles e entregues à Procuradoria Geral da República (PGR).
Na segunda-feira (4) Janot revelou a existência de áudios em que Joesley e Saud omitiam informações, o que o levou a abrir uma investigação para apurar os fatos, o que poderia anular os benefícios concedidos aos delatores. Após a repercussão do caso, os colaboradores afirmaram que as referências feitas aos ministros e a Janot “não guardam nenhuma conexão com a verdade”.
“Não temos conhecimento de nenhum ato ilícito cometido por nenhuma dessas autoridades. O que nós falamos não é verdade, pedimos as mais sinceras desculpas por este ato desrespeitoso e vergonhoso e reiteramos o nosso mais profundo respeito aos ministros e ministras do Supremo Tribunal Federal, ao procurador-geral da República e a todos os membros do Ministério Público”, dizem os delatores.
Leia a nota na íntegra:
"A todos que tomaram conhecimento da nossa conversa, por meio de áudio por nós entregue à PGR, em cumprimento ao nosso acordo de colaboração, esclarecemos que as referências feitas por nós ao Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral da República e aos Excelentíssimos Senhores e Senhoras Ministros do Supremo Tribunal Federal não guardam nenhuma conexão com a verdade. Não temos conhecimento de nenhum ato ilícito cometido por nenhuma dessas autoridades. O que nós falamos não é verdade, pedimos as mais sinceras desculpas por este ato desrespeitoso e vergonhoso e reiteramos o nosso mais profundo respeito aos Ministros e Ministras do Supremo Tribunal Federal, ao Procurador-Geral da República e a todos os membros do Ministério Público".
As gravações motivaram a abertura do processo de revisão do acordo de colaboração de Joesley, Saud e Francisco de Assis e Silva, também da JBS. No início da noite passada, o sigilo dos áudios foi retirado pelo ministro Edson Fachin , relator das delações do frigorífico, mas o conteúdo deve ser disponibilizado somente na quarta-feira (6) pelo STF.
Ontem, ao comunicar a abertura do processo de revisão das delações, Janot disse que mesmo se os benefícios dos delatores forem cancelados, as provas contra as pessoas citadas devem ser mantidas. No entanto, a decisão final cabe ao Supremo.
Mais cedo, a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, informou que pediu à Polícia Federal (PF) que investigue as citações de ministros da Corte nas gravações entregues pela JBS à PGR.
Segundo a ministra, a investigação é necessária para que não fique dúvidas sobre a dignidade dos integrantes do Supremo. “Agride-se, de maneira inédita na história do país, a dignidade institucional deste Supremo Tribunal e a honorabilidade de seus integrantes”, disse.
Leia também:"Maior tragédia já ocorrida na PGR", diz Gilmar Mendes sobre delação da JBS
*Com informações da Agência Brasil