Em meio a disputa com Alckmin, João Doria admite possibilidade de deixar o PSDB

Em entrevista concedida ao jornal "O Estado de S.Paulo", o atual prefeito de São Paulo descartou participar de prévia contra seu padrinho político

Afiliado político do governador Geraldo Alckmin, João Doria descarta participação em prévias
Foto: Alexandre Carvalho/A2img - 01.01.2017
Afiliado político do governador Geraldo Alckmin, João Doria descarta participação em prévias

Em meio a uma disputa interna pela definição do candidato tucano na eleição presidencial de 2018, o prefeito de São Paulo, João Doria, admitiu a possibilidade de deixar o PSDB, partido ao qual é filiado desde 2001. Nas últimas semanas, Doria intensificou sua agenda de viagens pelo Brasil e pelo exterior para tentar viabilizar sua indicação para o pleito do ano que vem.

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Em entrevista concedida ao jornal “O Estado de S.Paulo”, João Doria voltou a dizer que o PSDB deve se basear na opinião popular para escolher o candidato a presidente. A afirmação é um recado velado aos tucanos que defendem a indicação de Geraldo Alckmin. As últimas pesquisas eleitorais mostram que o prefeito de São Paulo possui mais intenções de voto do que o governador na disputa presidencial.

“Não se pode imaginar a decisão do PSDB sobre o nome que vai disputar a Presidência da República ou o Estado de São Paulo se você não ouvir o povo. Não há como imaginar que alguém possa ser indicado sem que seja pelo povo”, afirmou Doria, dizendo que não faz uma “defesa personalista”.

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Apesar de afirmar que defende a realização de prévias para escolha do candidato, Doria garantiu que não participará de um processo do tipo contra Alckmin – que é seu padrinho político. “Não faz o menor sentido. Não faria isso. Desde já me excluo dessa condição.”

Mudança de partido

O prefeito de São Paulo voltou a dizer que não é político e que não entrou no PSDB por “conveniência”. Ressaltou que não tem a intenção de trocar de legenda e que pretende ficar no PSDB “até que alguma circunstância” o impeça disso. “Em relação ao futuro, cabe a Deus indicar, iluminar e definir qual é o destino.”

“A política traz sempre ares, tempestades e fatos que não estão dentro do seu prognóstico. Isso se aprende rápido na vida política”, acrescentou o prefeito, em tom de mistério. Recentemente, Doria recebeu convites do PMDB e do DEM. “Outros dois partidos tiveram a gentileza e a delicadeza de abrir as portas caso necessário.”

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Por fim, João Doria citou a discordância dele com Alckmin em relação à indicação do novo presidente do PSDB, mas novamente negou que os dois estejam se distanciando. Enquanto o prefeito paulistano apoia o governador de Goiás, Marconi Perillo, Alckmin defende o nome do senador Tasso Jereissati (CE).  “Não há afastamento nem diferenças pessoais. Há posições que nem sempre são as mesmas. Mas isso não implica um distanciamento meu em relação ao governador e dele em relação a mim”, finalizou.