Eduardo Cunha teria sido
Gustavo Lima/Câmara dos Deputados - 18.2.2016
Eduardo Cunha teria sido "contratado" por Fernando Baiano para cobrar propina, segundo lobista Jorge Luz

O lobista Jorge Luz reconheceu em alegações finais entregues ao juiz Sérgio Moro nessa quinta-feira (31) que repassou propina a agentes do PMDB, mas rechaçou as acusações de que parte do dinheiro movimentado por ele teve como beneficiário o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha .

Jorge Luz negou que tenha atuado no pagamento de US$ 449 mil a Eduardo Cunha , fato narrado na denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal. A acusação é analisada em ação penal que apura repasses de propina relacionada a contratos para construção e operação dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000 pela estatal.

Apesar da negativa, o lobista já reconheceu ter transferido R$ 11,5 milhões a quatro políticos do PMDB: os senadores Renan Calheiros (AL) e Jader Barbalho (PA), o deputado Aníbal Gomes (CE) e o ex-ministro Silas Rondea.

A defesa de Jorge Luz menciona trechos de depoimentos dos lobistas Júlio Camargo, Fernando Baiano e dele próprio ao refutar a acusação. Júlio Camargo é acusado de atuar em favor da Samsung Heavy Industries em negócios com a Petrobras e disse a Moro que desconhecia o envolvimento de Jorge Luz nas operações financeiras. Fernando Baiano, por sua vez, também confirmou que os repasses a Cunha não passaram por Jorge.

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"Cobrador"

No depoimento prestado ao juiz de Curitiba, Jorge Luz havia afirmado que o ex-deputado entrou no "processo" apenas quando ele próprio já estava distante das negociações.

"O Fernando [Baiano] resolveu contratar o Eduardo Cunha como cobrador... E o Cunha passou a se associar ao processo. Eu já não estava no processo e soube disso, mas eu nunca tratei com Eduardo Cunha de absolutamente de apoio, de nada, nada disso", garantiu Jorge Luz. 

A defesa do lobista também pediu a Moro a absolvição do filho de Jorge Luz, Bruno Gonçalves Luz, que também é réu na ação penal da Lava Jato.

"Por serem apontados na denúncia como intermediadores de propina de políticos do PMDB em outras oportunidades, há uma presunção, carente de qualquer embasamento fático, de que as ditas operações, que teriam o então deputado federal Eduardo Cunha como beneficiário, também foram intermediadas por estes acusados, apenas com base na identidade de sua filiação partidária", escreveram os advogados do lobista.

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