O ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou nesta quarta-feira (30) que o pedido de homologação da delação premiada do empresário Lúcio Bolonha Funaro seja devolvido à PGR (Procuradoria-Geral da República) para que sejam feitos ajustes no documento.
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A proposta de delação premiada de Lúcio Funaro chegou na última terça-feira (29) à Suprema Corte, mas ainda não foi homologado. Como o acordo está em segredo de Justiça, os detalhes da decisão não foram divulgados.
Funaro é processado pela Justiça Federal em Brasília em três investigações da Polícia Federal (PF) – Greenfield, Sépsis e a Cui Bono – que envolvem suspeitas de desvios de recursos públicos e fraudes na administração de quatro dos maiores fundos de pensão de empresas públicas do país: Funcef (Caixa), Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Postalis (Correios). O empresário também foi citado nas delações da JBS.
O lobista é investigado ao lado de Henrique Alves e do ex-deputado Eduardo Cunha em ação penal que apura a liberação de recursos do FI-FGTS mediante o pagamento de propina a agentes públicos. Eduardo Cunha e Funaro também estão lado a lado em outros processos, como no que apura fraudes em fundo de previdência da Cedae no Rio de Janeiro.
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Em relação a Geddel Vieira Lima, Funaro foi pivô da prisão do ex-ministro, ocorrida no início do mês passado. Segundo denúncia do MPF, o outrora articulador político do governo Temer tentou intimidar a esposa de Funaro, Raquel Pitta, para tentar evitar que o lobista assinasse um acordo de colaboração com a Justiça.
Temer
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot , pode ter em Funaro seu último trunfo para uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB). Em seu acordo de delação, o empresário Joesley Batista indicou que teria atuado para comprar o silêncio de Funaro, assim como o teria feito com Cunha, com o aval do peemedebista.
O lobista é citado também em episódio que envolve o peemedebista e suposta doação ilegal de R$ 4 milhões feita pela Odebrecht em 2014. O ex-assessor pessoal do presidente José Yunes confirmou em fevereiro deste ano que aceitou receber em seu escritório um pacote com documentos (cujo teor ele disse desconhecer) a pedido de Eliseu Padilha naquele ano. O pacote posteriormente teria sido retirado por Funaro.
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Segundo o ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, delator da Lava Jato, o pacote de para Lúcio Funaro, que aguarda a homologação de sua delação premiada, continha os R$ 4 milhões referentes à doação via caixa dois que havia sido combinada em reunião no Palácio do Jaburu entre ele próprio, Marcelo Odebrecht, Temer e o ministro Padilha. A Presidência da República confirma que a reunião aconteceu, mas nega que serviu para negociação de doações irregulares.
* Com informações da Agência Brasil