Em Pernambuco, Lula diz ser "grato" a Renan Calheiros e a José Sarney

Em caravana pelo Nordeste, ex-presidente disse em entrevista que alianças são necessárias e que os ex-mandatários do Senado foram importantes em seus governos; José Sarney no Senado é comparado a "tubarãozinho manso"

Ao lado da senadora e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), Lula concedeu entrevista a rádio em Pernambuco
Foto: Reprodução/Instituto Lula
Ao lado da senadora e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), Lula concedeu entrevista a rádio em Pernambuco

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)  disse nesta sexta-feira (25), ao defender as alianças políticas, que se sente "grato" aos peemedebistas Renan Calheiros e José Sarney, que presidiram o Senado durante seus governos.

Em caravana por cidades do Nordeste Lula ressalvou em entrevista a mídias independentes de Pernambuco que Renan Calheiros, alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), "pode ter todos os defeitos", mas foi importante enquanto esteve à frente do Senado.

"O Renan pode ter todos os defeitos, mas ele me ajudou a governar este País. Se ele cometeu algum erro... E eu sou da opinião de que todo mundo é inocente até que se prove o contrário. Se eu quero para mim isso, eu tenho que querer para os outros também. E o Renan me recebeu em Penedo, eu não vejo nenhum problema", disse o petista ao lembrar de sua visita à cidade alagoana nesta semana.

Ao destacar o também ex-presidente do Senado (e da República) José Sarney , Lula lembrou que, caso não fortalecesse a eleição do peemedebista para o cargo de liderança entre os senadores, o posto poderia ser ocupado pelo hoje governador de Goiás, Marco Perillo, do PSDB.

"Eu sou grato ao Sarney como presidente do Senado. As pessoas queriam que eu rompesse com o Sarney, mas eu ia ganhar de presente o Marconi Perillo. Ora, você vai deixar de ter um tubarãozinho manso para ter um tubarão novo mordendo até o pé?", disse o ex-presidente, aos risos.

O petista também fez questão de explicar jantar que ele teve com Renata Campos, viúva do ex-candidato Eduardo Campos , ressaltando que sempre foi próximo ao ex-peessebista e à família Arraes.

Diante desses exeplos, o ex-presidente se disse "convencido de que aliança política continua necessária".

"Acho que você tem que medir essa decisão em cada momento. Você não precisa fazer um acordo definitivo, você pode fazer acordos pontuais em cima de cada projeto. Acho importante que os movimentos sociais e a esquerda se preocupem com isso [alianças políticas]. Mas aqui no Brasil, para você ganhar, você tem que ter 50% dos votos mais um. Eu não quero ser candidato para ter 30% dos votos. Eu quero ser candidato para ganhar. Eu sou mais conhecido que nota velha de R$ 1. Mas se eu ganhar e tiver 10 senadores e 70 deputados, eu vou ficar refém do Congresso. Eu preciso de maioria para votar."

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Revogação do teto de gastos públicos

Na entrevista, Lula também avaliou que o teto de gastos públicos, medida adotada pelo governo Michel Temer e que terá validade pelos próximos 20 anos, vai se tornar "inviável" no futuro e que, por isso, o próximo presidente vai precisar revogar essa imposição.

"A emenda que limita os gastos durante 20 anos, se não for revogada, ninguém vai conseguir governar esse País. Quando eles reduzem investimento, reduzem empregos, travam a economia. Tudo o que um governo não deve fazer eles estão fazendo", avaliou, ao criticar também o pacote de privatizações anunciado pelo atual governo.

"Depois do que vivi em meus governos não posso admitir o processo de destruição que eles estão promovendo nesse País", pontuou o ex-presidente Lula. 

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