O juiz federal Sérgio Moro negou nesta sexta-feira (18) pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
para suspender o depoimento marcado para o dia 13 do mês que vem. A audiência está marcada para ocorrer na sede da Justiça Federal em Curitiba no âmbito de ação penal da Lava Jato que apura suposto esquema de pagamento de propina da Odebrecht por meio da compra de um terreno para a construção da sede do Instituto Lula e de um apartamento em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
O pedido de suspensão dos interrogatórios agendados para o próximo mês havia sido apresentado nessa quinta-feira (17) pela defesa de Lula . O advogado Cristiano Zanin Martins alegou na ocasião que o Ministério Público Federal praticou "deslealdade processual" ao juntar ao processo, no início deste mês, "diversos papéis sem qualquer identificação", incluindo aí documentos sigilosos aos quais a defesa não tem acesso.
Moro alegou que documentos podem ser juntados em qualquer fase do processo e que, por isso, não caberia desconsiderá-los. O juiz destacou que a "juntada tardia decorre do fato de que esses documentos foram providenciados no acordo de colaboração dos executivos da Odebrecht e, portanto, ficaram disponíveis somente depois do início da ação penal".
O juiz, por outro lado, reconheceu a necessidade de liberar o acesso a esses documentos e determinou a suspensão do sigilo de depoimentos prestados por ex-executivos da Odebrecht em seus acordos de colaboração com a Justiça.
Sérgio Moro alegou que o conjunto de argumentos apresentado pela defesa seria suficiente para forçar a suspensão de todas as audiências agendadas.
"O pleito da defesa de suspensão dos interrogatórios carece de qualquer base legal, motivo também pelo qual deve ser indeferido", escreveu o magistrado em sua decisão.
Esse já é o segundo requerimento apresentado pela defesa de Lula sobre a audiência que o juiz Sérgio Moro rejeita. Os advogados do ex-presidente tiveram rejeitado anteriormente solicitação para gravar por conta própria o novo depoimento na Lava Jato
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Outros depoimentos
Além do ex-presidente, também vão depor em setembro os outros sete réus dessa mesma ação penal. O empreiteiro Marcelo Odebrecht , o ex-diretor do setor de realizações imobiliárias da construtora, Paulo Ricardo Baqueiro de Melo, e o empresário Dermeval de Souza Gusmão Filho serão ouvidos no dia 4 de setembro.
Já o ex-ministro Antonio Palocci, o advogado Roberto Teixeira e o engenheiro Glaucos da Costamarques serão interrogados no dia 6 de setembro. O ex-assessor de Palocci na Casa Civil, Branislav Kontic, prestará depoimento no mesmo dia em que Lula será ouvido. A ex-primeira-dama Marisa Letícia também chegou a figurar no quadro de réus nessa investigação, mas a denúncia contra ela foi extinta devido ao seu falecimento, em fevereiro deste ano.