Com cabelo raspado, ex-ministro Geddel Vieira Lima se emocionou durante audiência de custódia
Reprodução/Justiça Federal do DF
Com cabelo raspado, ex-ministro Geddel Vieira Lima se emocionou durante audiência de custódia

O ex-ministro Geddel Vieira Lima se tornou réu por tentativa de embaraço às investigações conduzidas nas Operações Cui Bono e Sépsis, que apuram repasses irregulares realizados por fundos controlados pela Caixa Econômica Federal.

A denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) na semana passada foi aceita nessa terça-feira (22) pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal. De acordo com os procuradores, Geddel Vieira Lima pressionou a esposa de Lúcio Funaro, Raquel Pitta, para tentar impedir que o lobista assinasse um acordo de delação premiada com a PGR (o que se concretizou ontem ).

O juiz Vallisney considerou ao receber a denúncia que há "plausibilidade das alegações" apresentadas pelo MPF e destacou as informações contidas em laudo realizado por peritos da Polícia Federal. Os investigadores identificaram no aparelho celular de Raquel 17 contatos telefônicos com Geddel num período de apenas 19 dias. Destas ligações, 16 foram realizadas pelo ex-ministro.

Também é destacado pelo juiz um depoimento prestado por Lúcio Funaro , que relatou ter sentido "receio sobre algum tipo de retaliação contra sua família"  por parte de Geddel.

Na ocasião, conforme transcrição de interrogatório do lobista com a Polícia Federal, Funaro disse que orientava sua esposa a sempre atender às ligações de Geddel e a informar ao ex-ministro que Funaro estava calmo e tranquilo, "justamente para transmitir a ideia de que não tinha a intenção de firmar acordo de colaboração". 

"Essas comunicações reiteradas de Geddel geravam no declarante o sentimento de que estava sendo monitorado e em dado momento passou a ter receio sobre a segurança de sua esposa e filha, já que faziam deslocamentos para o presídio da Papuda [onde Funaro está preso] em estrada pouco movimentada", aponta o relatório da PF.

Geddel chegou a ser preso por um breve período no início de julho por conta dessas acusações, mas recebeu habeas corpus que lhe deu direito de cumprir prisão em regime domiciliar.

O juiz da 10ª Vara Federal em Brasília deu prazo de dez dias para a defesa do ex-ministro apresentar sua resposta à acusação.

Leia também: Geddel confirma conversas com esposa de Funaro e chora ao ter recurso negado

Funaro pode ser peça-chave em investigação contra Geddel

Apontado como operador de propina do ex-deputado Eduardo Cunha, Lúcio Funaro assinou nessa terça-feira seu acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República. O lobista é réu na ação penal que investiga a liberação de verbas do fundo de investimentos do FGTS, controlado pela Caixa Econômica Federal . As empresas que recebiam esses recursos repassavam propina a agentes públicos, entre eles Cunha e o ex-dirigentes da Caixa, conforme o MPF.

Geddel Vieira Lima foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica e já foi indiciado por suposto envolvimento no esquema. Com as informações prestadas por Funaro agora que o lobista se tornou colaborador, espera-se que a atuação de Geddel no esquema venha a ser esclarecida.

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