Condenado a nove anos e meio de prisão no processo sobre o apartamento tríplex no Guarujá (SP), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez nesta segunda-feira (24) novas críticas ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações penais decorrentes da Operação Lava Jato em primeira instância e autor da sentença contra o petista.
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As afirmações foram dadas em entrevista à “Rádio Tiradentes”, de Manaus (AM). “O Moro estava comprometido com a [Rede] Globo e com o Jornal Nacional, por isso, tinha de me condenar”, disse Lula .
O petista disse que não foram apresentadas provas de que o tríplex seja dele. “Não há uma única verdade nesse processo”, acrescentou. O ex-presidente atribuiu a condenação ao alto volume de matérias publicadas pela imprensa – em especial pela Globo – com críticas a ele e ao PT . “A minha sentença foi uma prestação de contas à imprensa”, disparou.
“Eu sou duro na minha defesa porque quando te chamam de ladrão você não pode ser muito afetuoso”, afirmou o petista, que também destacou que “ninguém pode estar acima da lei, inclusive o juiz”. “Fui condenado em um processo mentiroso. Na sentença o juiz tem muito mais argumentos pra me absolver e não me condenar”, salientou.
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Ainda durante a entrevista, o ex-presidente destacou que é preciso “recuperar a credibilidade da política e garantir que as instituições se respeitem”. “Tudo que foi feito nesse país para combater a corrupção, todos os mecanismos, tudo foi feito na gestão do PT”, garantiu.
Impeachment
O petista também fez críticas ao processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), no ano passado. Na opinião dele, o Congresso cometeu um “erro histórico” contra Dilma.
“O impeachment da Dilma foi ilegal imoral. O [Michel] Temer usurpou o poder”, acrescentou. “Tem muito golpista hoje arrependido com o que está acontecendo com o Brasil”, continuou o ex-presidente.
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Por fim, Lula reiterou a necessidade da convocação de eleição presidencial direta e defendeu mudanças na legislação eleitoral. “O Brasil está precisando de tranquilidade para voltar a crescer. E de um presidente democraticamente eleito.” Entre as alterações propostas está a criação de um fundo para financiamento de campanhas. Segundo o petista, esse mecanismo faria com que os candidatos não dependessem de empresários.