O governo decidiu mudar de estratégia e agora admite votar a denúncia contra Michel Temer no plenário da Câmara somente após o recesso legislativo, em agosto. O cronograma inicial previa que o tema fosse votado no plenário já na segunda-feira (17).
Se antes a base aliada do Planalto assegurava boa presença de parlamentares no plenário mesmo em dias menos movimentados no Congresso, agora os governistas repassaram a tarefa aos deputados que defendem a admissibilidade da denúncia contra Michel Temer , conforme declaração dada nesta quinta-feira (13) pelo ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.
“Pode ser agora, pode ser em agosto”, disse Padilha a jornalistas após solenidade no Palácio do Planalto, referindo-se à votação do tema no plenário da Câmara. “Quem tem que colocar quórum é quem quer receber a denúncia”, acrescentou o ministro.
Questionado se a espera até agosto não poderia agravar uma “sangria” do governo, que em tese ficaria exposto a perder mais votos para derrubar a denúncia com o passar do tempo, Padilha respondeu: “Qual sangria?”.
“Estamos trabalhando e vamos continuar trabalhando. Teremos uma vitória magistral hoje na Comissão de Constituição e Justiça [da Câmara]”, afirmou o ministro.
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Plenário é plenário. CCJ é CCJ
Os parlamentares da CCJ da Câmara discutem nesta quinta-feira o parecer apresentado pelo relator, deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), que votou por autorizar o Supremo Tribunal Federal (STF) a apreciar a denúncia contra o presidente.
Se a votação da denúncia no plenário pode ser adiada, na comissão da Câmara a questão pode ser encerrada ainda nesta quinta-feira. Deputados da base do governo retiraram seus nomes da lista de discussão para acelerar o processo, que pode ser votado na CCJ ainda nesta tarde.
"Vamos votar no meio da tarde, e cumprir nosso papel aqui na CCJ", disse o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), um dos coordenadores da defesa de Temer na comissão.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia , disse nesta semana que convocaria uma sessão para a próxima segunda (17) ou terça-feira (18) para analisar a denúncia. Ele sinalizou, no entanto, que vai aguardar um quórum bem alto para abrir a sessão. São necessários pelo menos 342 votos, do total de 513 deputados, para que a denúncia seja admitida.
"É uma posição pessoal do presidente Rodrigo Maia, e nós temos que nos resignar à posição do presidente", disse Padilha sobre o calendário de votação da denúncia contra Michel Temer.
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*Com informações e reportagem da Agência Brasil e na Agência Câmara