Parece até história de novela: a filha de uma autoridade que é casada com o filho do chefe de uma das empresas de um empresário criminoso confesso. Não é House of Cards nem trama global, é Brasil mesmo. E a autoridade em questão é o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal ( STF ).
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As informações foram publicadas na edição desta quinta-feira (6) da Folha de S.Paulo . De acordo com o jornal, Melina Fachin, uma das filhas de Edson Fachin , é casada, desde 2003, com Marcos Alberto Rocha Gonçalves, filho de Marcos Gonçalves, que trabalhou por 16 anos para a Friboi, dos irmãos Wesley e Joesley Batista – aqueles mesmos, responsáveis pela delação contra Aécio Neves (PSDB) e Michel Temer (PMDB).
Hoje, Marcos Gonçalves é chefe de compra de gado do Mataboi Alimentos, frigorífico administrado por José Batista Júnior, o mais velho dos irmãos Batista. O filho dele, Marcos Alberto, é sócio fundador do escritório Fachin Advogados e Associados – do qual o relator da Lava Jato se afastou ao chegar ao STF.
Confuso? Os aliados do presidente da República também acham curiosa a ligação.
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Exemplo disso é o fato de que deputados da base aliada ao Planalto protocolaram na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara um pedido de explicações a Fachin sobre sua relação com Ricardo Saud, lobista do grupo J&F, que controla a JBS, e que o teria ajudado em sua campanha de indicação ao STF. Tal ajuda é negada pelo ministro e esse requerimento já está arquivado.
"Não falo da minha vida"
Ao jornal, Marcos Gonçalves confirmou ser pai do genro do ministro do STF, mas não quis responder qualquer pergunta a respeito da sua relação com os irmãos Batista . "Não trabalho na JBS, trabalho no Mataboi Alimentos, e não falo da minha vida", afirmou.
Atualmente, o genro de Fachin comanda o escritório de advocacia que leva o sobrenome do ministro ao lado de Melina, com quem se relaciona desde 2003. O próprio relator da Lava Jato atuou na firma desde sua fundação até ser indicado ao Supremo, há dois anos.
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Por meio de uma nota, o ministro Edson Fachin disse que não contou "com o auxílio de qualquer empresa ou grupo em seu processo de indicação ou de confirmação para o cargo de ministro do STF" e esquivou das questões que diziam respeito à relação do sogro de sua filha com o grupo J&F.