O grupo de trabalho da Operação Lava Jato em Curitiba (PR) foi encerrado após decisão tomada pela cúpula da Polícia Federal. As informações foram publicadas nesta quinta-feira (6) pelo site da revista “Época” e confirmadas pela corporação por meio de nota divulgada à imprensa em seu site oficial.
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De acordo com a reportagem, a decisão pelo encerramento do grupo de trabalho da Lava Jato foi atribuída pelo diretor-geral da Polícia Federal , Leandro Daiello. Com a decisão, os policiais destacados deixarão de atuar exclusivamente na operação, passando a participar de outras investigações na Delecor (Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas).
Investigadores ouvidos pela revista avaliam que o encerramento do grupo de trabalho poderá comprometer a produção de provas contundentes – a exemplo daquelas que foram produzidas contra os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT. Há inclusive, o temor de que novas fases da Lava Jato sequer sejam deflagradas.
Mesmo antes de a direção da PF confirmar o encerramento das atividades, o grupo de trabalho já vinha sendo esvaziado ao longo dos últimos meses, especialmente após a saída dos investigadores Érika Marena, Eduardo Maut e Márcio Anselmo, que eram considerados como os “cabeças” da força-tarefa em Curitiba.
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Ainda de acordo com a reportagem, diversos diretores da PF – inclusive o próprio Leandro Daiello – já comentavam que as investigações da Lava Jato vinham perdendo força, motivo pelo qual já não seria mais necessário manter uma equipe destinada a essa finalidade.
Outro lado
Em nota divulgada no seu site oficial, a PF afirma que “tendo em vista que cada delegado do Grupo de Trabalho da Lava Jato possuía cerca de vinte inquéritos cada um, essa equipe, juntamente com o Grupo de Trabalho da Operação Carne Fraca, passou a integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (Delecor)”.
De acordo com a corporação, “a medida visa priorizar ainda mais as investigações de maior potencial de dano ao erário, uma vez que permite o aumento do efetivo especializado no combate à corrupção e lavagem de dinheiro e facilita o intercâmbio de informações” e assegura que “com a nova sistemática de trabalho, nenhum dos delegados atuantes na Lava Jato terá aumento de carga de trabalho, mas, ao contrário, ela será reduzida em função da incorporação de novas autoridades policiais”.
A PF assegura que “a iniciativa da integração coube ao delegado regional de Combate ao Crime Organizado do Paraná, delegado Igor Romário de Paula, coordenador da Operação Lava Jato no estado, e foi corroborada pelo Superintendente Regional, delegado Rosalvo Franco”. Acrescenta ainda que o número de policiais destinados a atuar tanto na Lava Jato quanto na Carne Fraca chega a 70.
“O modelo é o mesmo adotado nas demais superintendências da PF com resultados altamente satisfatórios, como são exemplos as operações oriundas da Lava Jato deflagradas pelas unidades do Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo, entre outros. Também foi firmado o apoio de policiais da Superintendência do Espírito Santo, incluindo os delegados Márcio Anselmo e Luciano Flores, ex-integrantes da Operação Lava Jato”, continua o texto da PF, que reforça que “o atual efetivo na Superintendência Regional no Paraná está adequado à demanda e será reforçado em caso de necessidade”
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Por fim, a Polícia Federal diz que “as investigações decorrentes da Operação Lava Jato não se concentram somente em Curitiba, mas compreendem o Distrito Federal e outros dezesseis estados” e garante que a PF atua “de forma republicana e sem partidarismos” “para o êxito das investigações, garantindo toda a estrutura e logística necessária para o esclarecimento dos crimes investigados”.